Cinema: Ciúme gigante
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 22/12/2020 19:17
Literalmente, “Attack of the 50 feet woman” deve ser traduzido como “Ataque da mulher de 50 pés”, o que sugeriria uma mulher monstruosa, tipo polvo. Mas, “pé”, aqui, é uma medida inglesa que equivale a 30,48 centímetros. Assim, 50 pés equivalem a mais ou menos 15 metros. Daí o título em português “O ataque da mulher de 15 metros”, dirigido por Nathan Juran (creditado por Nathan Hertz) e lançado em 1958.
Juran é mais um daqueles diretores do tipo “topa tudo” que pulularam em Hollywood até a década de 1950. Ele dirigiu vários filmes de ficção científica, destacando-se “A vinte milhões de milhas da Terra” (1957), “Simbad e a princesa” (1958) e “Os primeiros homens na Lua” (1964), contando com a genialidade de Ray Harryhausen, o criador de bonecos que se moviam pela técnica do stop-motion.
Em “O ataque da mulher de 15 metros”, Juran tem de se virar com a superposição de imagens para obter os efeitos desejados. A trama do filme se baseia em dois medos verdadeiros ou cultivados dos anos 1950: a invasão de E.Ts e os efeitos colaterais da radiatividade.
A trama centra-se numa nave espacial esférica que chega à Terra com sua entrada na atmosfera vista em todo o mundo. Mas ela sempre aterrissa nos Estados Unidos, nas proximidades de uma pequena cidade do interior. Existe um mundo de planeta, mas ela escolhe uma cidadezinha da roça.
Uma mulher riquíssima, retornando para casa na cidadezinha, vê um enorme homem saindo da esfera e, como era muito comum às mocinhas naquela época, emite gritinhos estridentes de susto. Ela acaba contaminada.
Seu marido não acredita na história, sobretudo por ela ter um histórico de doença nervosa. Além do mais, ele tem uma amante que não faz questão de esconder. Representa-a a famosa Yvette Vickers, que chegou a fazer ponta em filmes importantes. Além de vedete e cantora, Yvette chegou a ser considerada uma das piores artistas do cinema. Cintura fina, busto empinado e olhos de mormaço, ela tinha o tipo físico ideal para papeis de periguetes e aventureiras. Esta é a subtrama: um triângulo amoroso em meio a uma ficção científica com influência espacial.
A mulher traída começa a crescer como resultado do contágio radioativo. Os arquetípicos médico e xerife do interior cuidam do caso e acabam acreditando na história da ricaça. Não podendo contar com efeitos especiais computadorizados, um enorme braço de algum material é mostrado para demonstrar o crescimento. Quando ela aparece, todos olham para cima sem que ela figure frente às câmaras.
Mas era necessário mostrá-la. Então, com o uso de imagens superpostas, a mulher anda em meio a moradores aturdidos. Do bar da cidade sai uma multidão assustada. E, pela janela do quarto de hotel onde o marido estava com a amante, ela consuma sua vingança.
Em 1993, Christopher Guest dirigiu uma refilmagem com o título em português de “Quinze metros de mulher”. O roteiro de Mark Hanna e Joseph Dougherty, atualiza a história original, dando-lhe um forte caráter feminista. O papel principal foi dado à bela atriz sueca Daryl Hannah, que atuou em vários filmes dirigidos por nomes famosos.

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