Suzy Monteiro: Era para ser um texto de Natal
Suzy Monteiro - Atualizado em 22/12/2020 14:50
Presépio
Presépio / Divulgação
Era para ser um texto de Natal, falar de toda esperança e gratidão que esta época do ano faz aflorar na maioria das pessoas. Depois de um ano pesado, de tantas perdas e medos, o Natal chega como um bálsamo, lembrando que a vida continua e que tudo vai passar. Um bálsamo, mas ainda cercado de riscos, porque a pandemia está longe de acabar.
Mas, quis Deus que fosse um texto de lembranças e despedida. Nessa terça-feira (22), dia em que escrevi este texto, partiu uma das pessoas que tinha maior amor por todos ao seu redor. Em sua simplicidade, era sábia, corajosa e de um carinho sem igual. Ela chegou às nossas vidas há mais de 20 anos. As crianças lá de casa eram verdadeiramente crianças. Na verdade, duas eram bebês recém-nascidos.
Desde aquele primeiro dia, não houve um em que ela não chegasse lá em casa com um sorriso nos lábios e com o coração repleto de carinho para todos nós. Viramos família, e ela esteve conosco muito mais nos momentos difíceis que naqueles de festas. E este era seu jeito. Acolhedor, maternal.
Maternal. Conheci poucas pessoas que fossem tão “mães” no sentido mais pleno da palavra. A minha era assim; ela também. Aquela mãezona, que cuida de todos, que perdoa tudo, que ama indistintamente. Que se tornava mãe de todos os que estavam ao seu redor. Quando minha própria filha era pequena, eu falava que se tivesse que deixa-la aos cuidados de alguém que não fosse minha irmã, seria com Cenita. Ela estaria cuidada, amada e muito bem alimentada (rsrs).
Cenita, nossa Cenita, tinha receita para tudo: o que não pudesse ser curado com chá de Carajuru, era com amor e comida. Com afeto e uma boa conversa. Nessa terça, ela nos deixou. Ou melhor: continuará aqui, nas nossas vidas, corações e memórias.
Ela que sempre foi um bálsamo em todos os momentos de nossas vidas, que fez aflorar em nós o nosso melhor, a quem sou grata por gotas de amor com as quais ela regou nossa amizade por tantos anos. Que, ao olhar para as crianças (nossas, já crescidas) e seus netos, nos faz vez que a vida continua. Era para ser um texto de Natal. E é.

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