Ícaro Abreu Barbosa
19/11/2020 18:59 - Atualizado em 20/11/2020 22:58
Moradores e atletas estão cada vez mais preocupados e incomodados com a imprudência de motociclistas que vêm utilizando a avenida do condomínio Damha I, no Parque Rodoviário, para realização de manobras acrobáticas, emissão de ruídos altos com canos de descarga modificados e pilotagem de alta velocidade. A imprudência já resultou em um acidente, no último dia 9 de novembro, que feriu uma mulher. A vítima estava de carona em uma das motos. Além de cobrar mais segurança por parte do poder público, os desportistas também clamam por um espaço municipal para suas atividades esportivas e de lazer. Em nota, a Guarda Civil Municipal informou que, como publicado em matéria da Folha da Manhã, no último dia 11, houve intensificação da fiscalização no local. Segundo a GCM, “no momento de presença da viatura, não foi identificada irregularidade passível de multa”.
Dono de academia e assessor de marketing esportivo, Marcos Almeida relatou alguns casos, ocorridos com seus alunos, que reforçam a ideia de que o perigo ronda, em alta velocidade, aqueles que só querem se exercitar e se divertir. Para ele, a área é para corredores, caminhantes, família, triatletas, ciclistas, pessoas que estão aprendendo a dirigir e, também, para encontro de motoqueiros, que geralmente se reúnem para fazer malabarismo. Marcos declarou não ver “nenhum problema, desde que seja bem organizado. O problema é que eles têm utilizado o espaço de uma forma ameaçadora”:
— Além disso, há relatos dos moradores do Damha I que dão conta das reuniões que esses motoqueiros fazem à noite. Eles ficam arrancando com escapamentos soltos e atrapalhando o descanso dos condôminos. É um problema periódico lá, e os moradores estão incomodados. Esses motoqueiros estão se tornando um inconveniente muito grande — contou Marcos, ressaltando que “um ou outro é mais educado, mas há casos em que você está pedalando e o cara vem para o seu lado empinando”.
Medidas já foram tomadas no local pelas autoridades. Há policiamento frequente na avenida, mas o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Luís Henrique Barbosa, destaca a importância de ameaças — assim que ocorrerem — serem repassadas ao 190. Além disso, ele ressalta a importância da Guarda Municipal no local para atuar em força conjunta.
— Nosso planejamento de patrulha é dinâmico e, à medida que recebemos ligações, efetuamos uma ação de planejamento específico no local. É importante que haja manifestação das pessoas, ligações, para que a PM vá ao local. A inserção da Guarda Municipal, nesse sentido, também é importante, pois as infrações de parada, circulação e estacionamento são competências municipais, e eles tomaram medidas para que essas irregularidades não ocorram — informou o comandante.
Motociclista afirma que nem todos desrespeitam
Integrante do movimento “Grau”, formado por motociclistas que gostam de executar acrobacias com motos populares, o motoboy Paulo Victor Machado Rodrigues, de 26 anos, conta que esses motoqueiros não possuem nenhuma liderança e argumenta que o espaço é utilizado por não possuírem local específico para eles. O rapaz reivindica seu direito como cidadão ao lazer e admite a existência de pessoas que “prejudicam a imagem do movimento” no meio.
— Nós tentamos ir para os locais mais afastados para conseguir fazer o que a gente gosta. Pela falta de movimento, nós vamos para lá, mas gostaríamos que disponibilizassem o Cepop, por exemplo, para a gente poder praticar. Eu reforço: também gosto de pedalar e entendo os dois lados. Justamente por isso, acho que ali, sendo uma pista de duas mãos, eles (ciclistas, corredores e caminhantes) podem usar um lado e deixar o outro para nós, que gostamos das acrobacias. Entendo que é uma situação complicada e que temos algumas pessoas que nos deixam muito malvistos — afirmou Paulo Victor.
O motoboy ressaltou que reconhece o incômodo causado pelo barulho de motos e que tenta conscientizar os outros sobre isso.
— É óbvio que essas pessoas acabam prejudicando a imagem do resto do movimento — destacou Paulo, ressaltando que seu grupo de motos não é o único na região e que não são responsáveis pelos barulhos, ameaças ou arrancadas. O rapaz também disse que eles assumem o risco do acidente – inerente a todos que se predispõem a fazer esportes radicais – e que são utilizados equipamentos de segurança para se precaver de lesões mais graves.
Acidente — Apesar das prevenções relatadas pelo motoboy, no último dia 9, uma mulher ficou ferida em uma queda após o condutor empinar a moto. Ela foi conduzida ao Hospital Ferreira Machado (HFM) e o homem que pilotava não se machucou.
Parque Municipal sem previsão de abertura
A Prefeitura de Campos informou que usou o recurso proveniente do Fundo Municipal de Meio Ambiente, e por meio da secretaria de Desenvolvimento Ambiental iniciou, em 2019, a construção da primeira etapa do Parque Ecológico Municipal, na avenida Arthur Bernardes. Seria uma alternativa para práticas esportivas, de lazer e educação ambiental.
Nesta primeira etapa, já finalizada, “foi feito cercamento com moirões de concreto armado, colocadas placas de identificação, feita abertura em terreno com vegetação, implantação do marco, levantamento topográfico planialtimétrico e colocação de portão de ferro. Ao todo, são 2,6 mil metros delimitando o Parque Ecológico Municipal”, informou a superintendência de Comunicação.
No que tange a execução da segunda etapa da obra, que permitirá a utilização efetiva, ainda é necessária liberação de verba proveniente de compensação ambiental da concessionária Águas do Paraíba, que não foi feita ainda devido ao período de pandemia de Covid-19.
Fora da área urbana, a Prefeitura de Campos, por meio da secretaria de Desenvolvimento Ambiental, revitalizou completamente a Área de Proteção Ambiental (Apa) da Serra do Itaoca, alternativa de vários ciclistas e caminhantes da planície. As obras foram custeadas com o recurso do Fundo Municipal do Meio Ambiente.
Entre outros projetos do governo municipal, está o Via Esportes da Arthur Bernardes, que promove o fechamento da avenida aos domingos para a prática esportiva e de lazer. A Fundação Municipal de Esporte (FME) também implantou projetos em mais de 50 locais, entre praças, quadras e campos, para incentivo à prática esportiva com escolinhas de vôlei, futebol e funcional. Mais de 20 mil pessoas participaram do projeto.
Captação de recursos federais, obtidos através de emendas parlamentares, permitiram a reforma, ainda não concluída, do Centro de Artes Marciais e a Praça João XXIII, no Parque Aurora. Ainda segue em andamento a licitação para a reforma do Ginásio Municipal Waldir Pereira e a construção de uma piscina semiolímpica na sede da Fundação. Ao longo da gestão, também foram realizados o Caminha Campos, os Jogos Estudantis de Campos, o Campeonato Municipal de Natação, o Torneio de Futebol e outros.