Feridas profundas que não cicatrizam, emagrecimento rápido, fraqueza e dificuldade para respirar: esses são alguns dos sintomas da esporotricose, que atinge animais domésticos e seres humanos e é de difícil cura nos pets quando descoberta em estágio avançado. Desde os anos 90, a doença é considerada endêmica em todo o Rio de Janeiro. Em Campos, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) informou não houve aumento nos casos de esporotricose, mas alerta para subnotificações devido à pandemia do coronavírus e orienta que os tutores não abandonem os animais.
A esporotricose é considerada uma zoonose. Os sintomas iniciais são lesões dermatológicas, principalmente no nariz, nas orelhas e na face, além de dificuldade para respirar em certos casos. O diagnóstico é feito por meio de exames específicos. Transmitida pelo fungo Sporothrix schenckii, a doença afeta principalmente os gatos, que podem retransmiti-la por meio de mordidas, arranhões ou contato das lesões com a pele humana. O agente causador da esporotricose pode ser encontrado em solo, plantas, palhas, vegetais e madeiras. Ainda não há vacina para a doença, mas há estudos em andamento.
O veterinário e coordenador do Canil do CCZ, Marcelo Maeda, explica os animais com suspeita devem ser encaminhados para atendimento médico veterinário e, em caso de confirmação do diagnóstico, é feito o tratamento com medicação antifúngica. O profissional acompanhará o paciente durante o tratamento, que pode ser aplicado em cães e gatos, estes diagnosticados mais frequentemente com a doença.
— Para evitar que os animais sejam contaminados, estes devem sempre permanecer domiciliados, pois a transmissão se faz, na maioria das vezes, pelo arranhão do gato contaminado. Os animais com suspeita devem ser manuseados pelos tutores com luvas. Também é importante fazer uma boa higienização do ambiente — orientou Maeda. Outra medida muito importante, segundo o profissional, é não abandonar o animal doente ou com suspeita, pois esporotricose tem cura.
O CCZ reiterou a necessidade da notificação por meio das clínicas que configuram os laudos, considerando que a esporotricose é uma doença de notificação obrigatória. Em 2019, foram registrados 120 casos da doença no município. Este ano, até novembro, foram 19 confirmações. O órgão afirmou que “entende que pode haver subnotificação dos casos na nossa região mediante as restrições de locomoção da população por causa da pandemia do novo coronavírus, apesar de o serviço veterinário não ter sido suspenso”.
Contaminação em humanos — Em 2019, de acordo com boletim sobre esporotricose no estado, 214 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Destas, 168 tinham contato com animais. O documento é da Secretaria de Estado de Saúde, Subsecretaria de Vigilância em Saúde, Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental e Coordenação de Vigilância Epidemiológica.