Animais domésticos proporcionam muito mais que momentos alegres e cheios de amor para os donos. Segundo pesquisas dos centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e do Instituto Nacional de Saúde (NIH), criar um bicho dentro de casa ajuda a reduzir a pressão sanguínea, o colesterol e o nível de triglicérides, o que acaba prevenindo muitas pessoas contra ataques do coração e outras doenças cardiovasculares. Em algumas cidades do Brasil, o aumento no número de adoção de animais no período de isolamento social foi significativo. Especialistas garantem que isso pode ser reflexo da solidão causada pela quarentena.
Em Campos, no entanto, de acordo com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que realiza o trabalho no município, não houve registro de aumento na adoção de animais desde o início da pandemia da Covid-19. O CCZ realizou a adoção de 38 cães e 17 gatos no período de janeiro a setembro de 2020. Inclusive, o órgão informou que as adoções estão ocorrendo dentro da normalidade. O Centro busca encontrar um lar para outros 31 cães, sendo nove filhotes, e 13 gatos, sete deles também filhotes.
Para adotar um animal no Centro de Controle de Zoonoses, os candidatos devem ter idade mínima de 18 anos e apresentar originais e cópias da carteira de identidade, CPF e comprovante de residência. Outra exigência do órgão em Campos é a assinatura de um termo de responsabilidade, por meio do qual o adotante assume o compromisso de cuidar bem do animal, sendo realizadas visitas nos lares como forma de garantir a seguridade desses pets.
Apaixonada por animais desde pequena, inclusive escolhendo a medicina veterinária como profissão, a estudante Ana Carolina Maia, de 23 anos, adotou dois gatos durante a pandemia, completando a alegria de estar rodeada de bichos até mesmo dentro de casa. — Eu moro com a minha avó, e, logo no começo, com o isolamento e a impossibilidade de sairmos ou recebermos visitas, começamos a nos sentir sozinhas e entediadas. Procurei o Grupo de Apoio aos Animais no Facebook e adotei a Jinx, ainda filhotinha. Depois, com a retomada das atividades, comecei um estágio e me apaixonei pelo Cebolinha, um gato adulto, resgatado e muito carinhoso. Os animais são ótimas companhias não só para as pessoas novas, mas também para as mais velhas, nesse período de quarentena — ressaltou Ana Carolina.
Veterinário alerta sobre a certeza antes de adotar
Adotar um animal doméstico também requer responsabilidade, e não é só afetiva. Também foi observado, nesse período de quarentena, o aumento do número de animais abandonados. Com a chegada da Covid-19, trazendo medo, insegurança e solidão, a precipitação pode acabar abrindo lacunas ruins nesse processo de procura por uma companhia imediata dentro de casa. A orientação é de que o adotante amadureça bem a ideia, levando em consideração o fato de que terá uma companhia pelos próximos 10 anos, realizando, assim, o planejamento adequado dentro do lar em que vive.
O veterinário e coordenador do Canil do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Marcelo Maeda, explica que houve um acréscimo considerável de abandono de animais domésticos na quarentena. Ele ressalta que abandono é crime previsto em lei, que foi sancionada no final do mês de setembro, cuja pena, no caso de cães e gatos é de reclusão de 2 a 5 anos, multa e proibição de guarda.
“Se você não tem condições de criar e oferecer os cuidados que o animal precisa, busque uma pessoa que faça a adoção responsável. Jamais abandone o animal, seja qual for motivo”, orientou Maeda.