Dirigida por campista, série "Brasil Imperial" já está disponível no Amazon Prime Video
- Atualizado em 24/11/2020 18:28
Série
Série "Brasil Imperial" foi lançada no início do mês pela Fundação Cesgranrio / Divulgação
Lançada pela Fundação Cesgranrio na plataforma Amazon Prime Video em 10 de novembro, com exibições previstas no Brasil, em Portugal e países da África, a série “Brasil Imperial” tem como diretor o campista Alexandre Machafer, qualificado pelo sucesso recente do filme “O Filho do Homem”. Na obra, é contada a história da chegada da família real portuguesa ao Brasil até o retorno de Dom Pedro I a Portugal.
Narrada pelo personagem Joaquim Gonçalves Ledo, que comandou a luta pela independência e pela democratização da sociedade brasileira, a série começa com a fuga da família real para o Brasil, mostrando o lado indeciso do Dom João e a personalidade forte de Carlota Joaquina. Também é abordado o sofrimento de Leopoldina com as traições do marido, Dom Pedro I, inclusive o caso duradouro dele com Domitila de Castro, que posteriormente ganhou título nobre de Marquesa de Santos. Aparece ainda na trama o improvável romance entre o português Arrebita e a ex-escrava Ana do Congo, destacando a dificuldade de relações naquele período marcado pela escravatura e por tanto preconceito.
— Fizemos questão de trazer esses personagens em que a gente sai um pouco da família real. Tem o (também campista) Robson Maia, que fez o Marrocos. A gente criou o Arrebita e a Ana do Congo, que são personagens ficcionais e ajudam a contar a história. Mas, a gente deu voz e espaço a vários outros personagens da nossa história. O próprio Gonçalves Ledo, a série é narrada por ele. O Ledo é um personagem que está aí e ninguém fala nele, a gente não sabe o fim que deu. Tem toda a cúpula que envolve o Dom João, o próprio imperador Dom Pedro I... Está sendo muito gratificante o retorno por a gente ter escolhido esse caminho — comentou o diretor Alexandre Machafer.
Após cerca de três meses de pesquisa do roteirista Antonio Ernesto Martins junto a historiadores, Alexandre comandou dois meses de pré-produção e outros dois de filmagem. O resultado foi uma série com 10 episódios de aproximadamente 40 minutos, cada, com cenas gravadas no Rio de Janeiro, em locações como a Igreja Nossa Senhora do Outeiro da Glória, o Paço Imperial, o Real Gabinete Português de Leitura, o Centro Cultural da Justiça Eleitoral e a Casa da Marquesa de Santos (a verdadeira residência de Domitila).
— Foi um processo incrível, muito difícil de realizar, porque a gente estava com o orçamento baixo para uma série desse tamanho. Tive pouco tempo de trabalho no set com os atores, muito texto para filmar, muitas cenas para rodar dentro de uma diária. Tive que aderir a um steadicam, equipamento que o operador coloca no corpo, bota a câmera ali, estabiliza a imagem, e você faz o movimento que quiser — comentou Alexandre Machafer. — Também conseguimos fazer um grande trabalho de figurino com pouco dinheiro. Grande trabalho de arte do Ronald Teixeira, o figurino do Ricardo Raposo estava incrível. E um elenco muito legal, porque muitas atrizes e atores saíram das nossas oficinas. Atores que não são tão conhecidos. Então, pudemos proporcionar a eles uma oportunidade única de estar numa plataforma incrível, que está investindo muito dinheiro agora no Brasil, nas produções nacionais — pontuou.
Uma das características de “Brasil Imperial” é descaricaturizar a família real portuguesa. “Mostramos um Dom João indeciso, mas que tinha pulso, que era forte. Não quis seguir aquela imagem que as pessoas criaram dele de bobalhão. Também quis mostrar papéis femininos com mais empoderamento, com as personagens da Carlota Joaquina, Ana do Congo, Domitila, Leopoldina e Amélia. Foi minha intenção também mostrar o comportamento lascivo e irresponsável de Dom Pedro I, que demorou para entender o papel dele. Na série, eu trouxe o máximo de realismo sem perder o humor”, explicou o diretor.
Nos bastidores, já é analisada a possibilidade de realização da segunda temporada. “Seria já no Segundo Reinado, com Dom Pedro II, pois há muita coisa que acontece ali e precisa ser dita, principalmente da escravidão”, aventou Machafer.
Esta é a segunda produção da Fundação Cesgranrio emplacada consecutivamente no Amazon Prime Video. A anterior foi o premiado filme “O Filho do Homem”, primeiro longa-metragem da instituição, que agora produz “Jorge da Capadócia”, também dirigido por Alexandre Machafer.
— “O Filho do Homem” ganhou mais de 11 prêmios, agora está sendo dublado em Miami, vai entrar no México em um canal aberto... Também está tomando a sua vida, é um filme que surpreendeu muita gente. Em “Jorge da Capadócia”, estou na pós-gravação, vamos matar o dragão agora, finalmente. E a gente está negociando com a Amazon mais uma série nossa, que se chama “Anos Radicais”. Foi filmada de 2014 para 2015, está em nosso canal no YouTube, mas a gente está negociando para colocar lá. É uma felicidade enorme ter três grandes projetos no catálogo da Amazon. Muito importante continuar lutando, muito importante o que a Cesgranrio vem fazendo com essa fusão de educação e cultura — enfatizou o cineasta campista. (M.B.) (A.N.)

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