Em todas as segundas-feiras do mês de novembro, chorões de todo o Brasil podem participar de seminários on-line cujo objetivo é discutir as rodas de choro e suas formas contemporâneas. Entre violões e flautas, os eventos abordam temas relacionados à educação e a acervos documentais, formas de transmissão, clubes e redes de profissionalização da rodas de choro. Reunindo detentores, pesquisadores e instituições voltadas para a manifestação, o evento virtual mais recente aconteceu na última segunda (9), às 19h.
O ciclo de seminários, que se iniciou no dia 2 de novembro, faz parte do processo de registro da roda de choro, bem que poderá ser reconhecido como patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O choro ou chorinho é considerado o primeiro gênero musical popular urbano do Brasil, como destacou o Clube do Choro de Brasília no pedido de registro do bem em 2012. O ritmo teria se desenvolvido no século XIX a partir da fusão entre elementos eruditos e populares no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil. Nesse contexto, tornou-se fator de construção da identidade cultural brasileira, o que explica a importância dessa forma de expressão e da difusão do gênero musical.
Ainda em 2019, por meio de edital de chamamento público, a Associação Cultural Amigos Museu Folclore Edison Carneiro (Acamufec) foi selecionada para conduzir a pesquisa e documentação no âmbito da instrução técnica do processo de registro do choro. Mas, com a pandemia de Covid-19, a entidade suspendeu as atividades presenciais previstas que, em agosto, foram retomadas com reuniões on-line entre Iphan e as instituições proponentes. Neste mês de novembro, as reuniões são abertas à participação dos chorões, envolvendo ainda a equipe de pesquisa, representantes do Iphan e instituições locais. Ainda nesta fase, está prevista a realização das primeiras entrevistas com detentores, também virtualmente.
Os objetivos do processo são, entre outros, compreender o choro não apenas enquanto gênero musical, mas como manifestação cultural coletiva, e ainda identificar as relações que fazem parte e são constituídas por essa tradição musical. A partir destes entendimentos, busca-se analisar como é feito o choro atualmente. As informações e elaborações obtidas vão compor um dossiê de registro, dois documentários audiovisuais e documentação fotográfica. O dossiê será apreciado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que poderá reconhecer a roda de choro como patrimônio cultural do Brasil.