O encerramento dos terminais existentes no atual modelo de transporte tronco-alimentador implementado em Campos e a criação de um bilhete único estão entre as propostas apresentadas pelo candidato a prefeito Caio Vianna (PDT), nesta quinta-feira (29), em entrevista ao Folha no Ar - 1ª edição, da Folha FM 98,3. Durante o programa, o prefeitável voltou a citar o desejo de, caso seja eleito, retomar o programa Vale Alimentação e também o Restaurante Popular.
— Primeiro, nós vamos acabar com os terminais, proporcionando que vans e ônibus circulem em todos os bairros, e com a criação das linhas diretas, porque não tem cabimento uma pessoa sair de Guarus, vir para o Centro da cidade para voltar pra Guarus. Isso é inadmissível. Então, esse é um problema que nós vamos solucionar — disse Caio Vianna sobre o modelo de transporte público. — Não estamos falando de custo para solucionar esse problema, é de reajuste do transporte público. A palavra correta é reorganizar o transporte público, entendendo a necessidade de implementar definitivamente, inclusive, o Bilhete Único, para que o cidadão pague apenas uma passagem para ir até o trajeto final dele. Isso se faz também, inclusive, com as linhas diretas — complementou.
Questionado sobre como funcionaria o Bilhete Único, o candidato detalhou a proposta. "A gente vai acabar com os terminais, e vai ter linha direta entre os bairros, mas também vai ter linha direta até o Centro da cidade. Com isso, se o cidadão sai do Centro da cidade, vai até um bairro primeiro e depois precisa ir ao Centro, ele vai fazer isso apenas com o Bilhete Único. Essa é a implementação do Bilhete Único. Inclusive para van. Como é estabelecido em várias cidades e deu certo", ressaltou.
Ainda na área do transporte público, sem citar nome, Caio Vianna criticou a promessa do adversário político Wladimir Garotinho (PSD) de retomar a Passagem Social "com o menor custo possível" caso vença as eleições de novembro. "Prometer que vai voltar com a Passagem Social, deixando a entender para a população que vai voltar com o preço de R$ 1, isso é estelionato eleitoral, porque 'o menor preço possível' fica sempre em menor destaque, e a população acaba se enganando e achando que o candidato vai voltar com a passagem a R$ 1. Isso não vai acontecer, não cabe no orçamento", enfatizou.
Sobre o Vale Alimentação, que seria destinado a pessoas em situação de extrema pobreza, Caio Vianna disse que a retomada deve acontecer de forma estruturada e gradual. "A gente entende a retração econômica que existe. Mas, se eu puder matar a fome de uma pessoa, isso já vai me deixar feliz, já é um início de trabalho. E é preciso retomar com esse programa, do mesmo jeito que a gente vai retomar o Restaurante Popular, que foi prometido por essa (a atual)gestão diversas vezes e, por falta de competência, não botou para funcionar", disse o pedetista.
A necessidade de cortes na máquina pública para enfrentar a grave crise financeira vivida por Campos foi outro assunto comentado durante a entrevista.
— Tem várias formas, hoje, de você promover reajustes na máquina. E isso não necessariamente é demissão de funcionários. Eu acho que os funcionários que forem identificados como funcionários que não trabalham, que são funcionários fantasmas, aí já começa-se um grande corte. E, segundo pessoas que já participaram do governo dizem, esse número gira em torno de 30%. Eu não sei, não posso afirmar isso. Preciso estar lá dentro para abrir essa caixa preta e a gente conseguir ver, de fato, quem são esses profissionais, onde eles estão atuando e como a gente readequa essa máquina. De qualquer forma, dá para se fazer um realocamento desses profissionais, capacitando-os ainda mais para atender à população — afirmou Caio.
O prefeitável cobrou transparência acerca do número de profissionais atuantes no regime de Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), que seriam aproximadamente 4 mil. “Se a Prefeitura, que é o órgão público que deve essa informação, essa transparência para a sociedade campista, se ela não coloca isso de forma transparente, fica muito difícil. Uma coisa é eles falarem um número. Outra coisa é comprovar, de fato, esse número. Acho que é preciso deixar isso de forma mais clara. Independente de quem quer que seja o prefeito, precisa deixar isso de forma clara. No nosso governo, a gente vai utilizar o Portal da Transparência para, de fato, colocar informações para que a população saiba qual é o tamanho da máquina pública, quais são os gastos, possa acompanhar isso”, prometeu.
Uma possível forma de aumento de renda apresentada na entrevista foi a de venda e fim de aluguéis de imóveis pelo poder público municipal.
— Esse é outro custo que a gente precisa entender como é possível a gente redimensionar esse tamanho, adequar, transformar isso num modelo mais eficiente. A Prefeitura não é imobiliária para ter essa quantidade toda de imóveis, não tem necessidade disso. Durante as últimas gestões, foi feito um aumento desnecessário desses imóveis, e a Prefeitura inclusive pode ganhar capacidade de investimento com a venda desses imóveis, para a gente poder colocar projetos importantes em prática, terminar obras inacabadas, movimentar de novo a construção civil no nosso município — projetou.
Outra iniciativa seria buscar iniciativas público-privadas, inclusive para administrar o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop). “A gente precisa avaliar as estruturas que consomem dinheiro da máquina pública e que não são prioridades nesse momento, que não têm essa utilidade. A gente pode transformar isso em parcerias público-privadas, para a gente não só fazer com que a máquina tenha maior eficiência e economize dinheiro público, mas também, ao mesmo tempo, traga uma contrapartida para o cidadão campista”, sugeriu Caio.
A mudança no formato de administração do Cepop poderia, inclusive, refletir na volta do Carnaval de Campos para a data prevista no calendário nacional, com possibilidade de fortalecimento para o setor.
— O que impede de o Carnaval voltar para a época que é de Carnaval? Vontade política. É só uma determinação política. O Carnaval tem que voltar para a época de Carnaval, não tenho a menor dúvida disso. É inadmissível você pensar que gastaram R$ 110 milhões para construir um sambódromo e você não ter o Carnaval na época de Carnaval e não valorizar a cultura popular. Eles (a gestão Rosinha Garotinho) não só tiraram o Carnaval da época do Carnaval, como não valorizaram a cultura popular — afirmou Caio Vianna. — A necessidade de a gente fazer uma parceria público-privada no Cepop vai, inclusive, ajudar muito nisso, porque, na contrapartida, várias coisas podem ser estabelecidas. Tanto cursos de capacitação para aproveitar aquela área grande que tem o Cepop, quanto a gente conseguir que a participação público-privada faça uma contrapartida valorizando o Carnaval da nossa cidade — pontuou.