"É desafiador manter a diversão com tantas privações". A frase é de uma mãe que está há meses se reinventando para que os efeitos da quarentena, provocada pela pandemia do novo coronavírus, não tirem a magia e o colorido da infância de sua filha. Afinal, brincadeira já se tornou um sinônimo de liberdade. Na próxima segunda-feira, dia 12 de outubro, o Dia das Crianças também terá que ser comemorado de forma diferente. As grandes rodas, pula-pula com os amigos, ou as velhas cabaninhas com lençol montadas para dormir em grupo, terão que ficar para depois. Em meio à incerteza e medo enfrentados até mesmo pelos adultos, como fazer deste dia realmente um momento especial? Para o comércio, que tem a data como a terceira maior em vendas, a expectativa é boa e de crescimento para o setor.
Campos entrou na Fase Verde no último dia 28 de setembro e novas adequações do plano de retomada das atividades econômicas e sociais foram feitas. Entre elas, a liberação de eventos em salões de festas com até 50 pessoas, a partir de autorização prévia da superintendência de Entretenimento e Lazer. A entrada de crianças menores de 6 anos nos shoppings centers também foi permita nesta nova etapa.
No entanto, apesar das novas flexibilizações, algumas das opções para aproveitar o Dia das Crianças ainda estão restritas no município, como a utilização de espaços comuns em estabelecimentos. Ou seja, as áreas infantis ofertadas por alguns comércios, que antes era uma forma de atrair o cliente nesta data, não poderão ser utilizadas.
A fotógrafa e funcionária pública Isabela Ferreira Gloss Velasco Nocciolli, de 27 anos, é mãe da pequena Melanie Velasco Nocciolli, de apenas 7. Para ela, o ano tem sido uma reinvenção a cada dia.
– Tivemos que aprender, em pouco tempo, novas formas de interagir com nossas crianças em casa. É desafiador manter a diversão com tantas privações, mas também é muito gratificante ter essa experiencia de nos aproximarmos mais, lembrando o que mais importa no Dia das Crianças, que é o brincar – destacou a fotógrafa.
Apesar da pouca idade, Mel, como é carinhosamente chamada, quando perguntada sobre a expectativa para a comemoração do Dia das Crianças, de uma forma diferente e cheia de cuidados, já sabe descrever em palavras o lado bom e ruim do isolamento social, sobretudo nesta data.
– Eu acho meio ruim, até porque não posso ficar com os meus amigos, meus primos, que eu tenho vários. Mas também estou achando bem legal, porque em casa a gente pode fazer várias coisas que a gente não fazia. Como, por exemplo, pintar. A gente só ficava correndo, brincando, jogando. E a gente não pintava, não brincava de boneca, a gente deixava tudo ali. Ou seja, está sendo bem legal, mas também bem chato. A gente não pode convidar um amigo, ir na pracinha, ou fazer uma festa do pijama, como eu estava planejando para este ano – disse Mel.
Sobre a preferência pelo Dia das Crianças “normal" ou desta forma restrita, a pequena foi enfática. “Normal, porque a gente pode ir na casa da vovó, fazer um monte de coisas, e pintar lá com os nossos amigos. Ou seja, fica tudo mais divertido juntos”, destacou.
Surpresa com a resposta autêntica da filha, Isabela ressaltou: “acredito que ela tenha respondido assim, porque nós estamos tendo mais tempo pra brincar com ela. E, antes, com a correria, muitas vezes, isso não era possível”.
Lojistas apostam em aumento nas vendas
A pandemia da Covid-19 afetou não só o comportamento social das pessoas, mas também a rotina do comércio em todo o país, o que impacta diretamente na economia. A Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic) acredita que as vendas vão aumentar para o Dia das Crianças, seguindo a tradição de todos os anos. A data é considerada uma das mais importantes do setor, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. Para evitar aglomerações no interior das lojas, o comércio está atento aos protocolos de saúde pública e ainda aposta em ferramentas tecnológicas para a venda de presentes, como whatsApp e redes sociais, que têm sido grandes aliadas dos empresários.
— Este ano, devido à pandemia da Covid-19, as pessoas foram obrigadas a ficar isoladas, principalmente as crianças, que estão em casa sem acesso presencial às escolas, e os pais tiveram que inovar para entreter os filhos, que não puderam viajar, ir ao cinema, shopping, entre outros locais públicos. Com a chegada do Dia das Crianças, é a hora de renovar os brinquedos, já que não sabemos quando a vida volta ao normal. Para atender a esse público exigente, os empresários locais investiram no estoque e principalmente na forma de pagamento, visando atrair o consumidor e fomentar a economia local — comentou o presidente da Acic, Leonardo Castro de Abreu.
Uso da imaginação na escolha do presente
Com as novas flexibilizações e de forma cuidadosa, é possível realizar a famosa procura pelo presente ideal também nas lojas físicas do município. A aposentada Rogéria Gomes Pessanha já está pesquisando no comércio local o que comprar de presente para a única neta, de 3 anos.
“A tecnologia vem conquistando cada dia mais as crianças, mas buscar resgatar brincadeiras antigas, como pula corda, bolinha de sabão, também surpreende as crianças, que, em sua maioria, não conhecem. Estou procurando um brinquedo lúdico, mas que atraia a atenção da minha netinha”, disse Rogéria.
Para evitar que o Dia das Crianças se torne menos divertido para os pequenos e para os pais, a Superintendência do Procon de Campos está fiscalizando, durante toda semana, as lojas que vendem brinquedos e produtos infantis. Nestas visitas, estão sendo observados se os produtos expostos à venda estão com os preços afixados, na vitrine e interior da loja, da forma correta, se possuem selo do Inmetro e indicação de faixa etária, existência de exemplar do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
Além disso, neste ano, o Procon também está verificando a existência de barreira sanitária, com álcool em gel 70% e termômetro para verificar a temperatura dos clientes.