Suzy Monteiro: Importante e imprescindível
Suzy Monteiro - Atualizado em 27/10/2020 15:34
O que é importante na vida? Com certeza, a importância depende das suas prioridades. Para muitos, o importante é ter um bom emprego, aquele que vai garantir o seu sustento e de sua família para o resto da existência, fazer uma boa poupança, galgar espaços mais altos, dedicando seu tempo a se aprimorar e subir.
Para outros, o importante pode ser a fama. Ser reconhecido nas ruas, ser estrela, em qualquer lugar em que esteja. Superar obstáculos, viver sob os refletores. Ser estrela deve ser bom mesmo. Estar sempre rodeado de pessoas, nunca estar sozinho, mesmo que não signifique exatamente não ser solitário. Mas isso já é outra coisa. Pode se estar solitário em meio a um milhão de pessoas.
Importante também, para alguns, pode ser ter um marido (ou esposa). Constituir uma família, ostentar um sobrenome. Lavar, passar e cozinhar, cuidar de casa. Fazer bolo de fubá nas tardes de domingo (enquanto reclama que a sogra não vai embora nunca). Ter filhos, vê-los crescer e repetir a sua história. E, se acaso o relacionamento acabar, ser sempre a “ex de” que já rende um bom status. Pode parecer difícil acreditar, mas, para muita gente, isso (ou só isso) é o importante da vida. E é preciso respeitar.
Mas, algumas coisas são realmente importantes, tipo, imprescindíveis, entende? Fazer o tal bolo de fubá enquanto conversa com a sogra sobre como a esposa ou o marido era na infância. Entender que ela está em outra etapa da vida, nasceu em outra época. Se fazer respeitar é imprescindível, mas sem deixar de respeitar.
Imprescindível é acordar de madrugada para ouvir seus filhos contando sobre seu dia. Assistir desenho animado, tentar responder todas as 2.499 dúvidas sobre a criação do homem e do universo. Brincar com os filhos no meio da festa de aniversário. Mas brincar de verdade. Estilo comercial de Omo (se sujar faz bem). Amar incondicionalmente. Sem restrições, ainda que conheça seus defeitos, suas limitações. Ainda que eles sejam o oposto do que você sonhou.
Imprescindível, mesmo que o casamento vá muito bem, é ligar no meio da tarde para dizer que ama. Fazer surpresas. Buscar inovar. Mas, também, estar ao lado de sua companheira ou do seu companheiro quando as luzes se apagarem. Ficar quando todos forem embora. Sentir os olhos marejados d‘agua ao ver que quem não consegue nem mais levantar-se da cadeira sem ajuda, mas amar mesmo assim.
Imprescindível é poder enumerar os amigos que fez em todos os empregos pelos quais passou. Amigos mesmo, não aqueles de oportunidade. Amigos de boas e péssimas horas, aqueles que, não estando perto, sentirão sua falta. Lembrarão de você. E estarão em seu enterro, ainda que a fama e o poder já tenham passado. Imprescindíveis, na verdade, são o que de bom se possa fazer e o amor semeado, aqui e ali.

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