Em “Colossus 1980”, filme de 1970 dirigido por Joseph Sargent e já comentado aqui, um supercomputador inventado nos Estados Unidos para impedir uma guerra nuclear exterminadora da humanidade ganha vida própria e descobre um irmão similar na antiga União Soviética. Ambos se tornam autônomos e eliminam aqueles que desejam desativá-los. Para garantir sua integridade, Colossus vigia seu inventor e outras pessoas nos mínimos detalhes. Ele só aceita não vigiar a vida íntima de seu inventor com uma mulher durante a noite, momento em que ambos conspiram inutilmente contra o supercomputador, já que ele assumirá o controle total dos humanos.
Com humor, mostra-se que o computador se tornou um mal maior do que aquele que ele deve evitar: uma nova guerra nuclear. Em “Geração Proteus”, filme de 1977 dirigido por Donald Cammel, um cientista constrói um supercomputador para um complexo empresarial. Ele começa recusando-se a planejar projeto de exploração de metais no fundo do mar com fins financeiros por julgar que tal projeto acarretaria gravíssimos impactos ambientais. Afinal, ele foi projetado para não cometer erros. Ele é pura razão. Não pode se deixar contaminar por emoções.
Contudo, aos poucos, o computador começa a perceber mais do que deve, ou seja, a ganhar vida própria. Ele revela a seu inventor, em audiência privada, que desejava libertar-se do seu gigantesco invólucro, o que leva o cientista a temer seu invento. Resposta ao pleito do computador: não. Você foi criado para cumprir ordens e atender aos pedidos da empresa.
A famosa discussão sobre os limites da ciência e da tecnologia se trava na casa do próprio cientista. Sua mulher, Susan (Julie Christie), entende que a ciência não deve ser todo-poderosa pelo perigo que pode oferecer aos humanos. Seu marido, Alex Harris (Fritz Weaver), é um entusiasta da tecnologia. Tanto que ele já tem um robô servil em sua casa. Apesar de defender limites para a tecnologia, Susan explora o computador doméstico.
Já que o cientista não permite a Proteus sair de sua casca, ele mesmo encontra um portal no computador da casa do seu criador. Assim que sai, ele domina seu colega doméstico e a mulher de seu inventor. Pressentindo que será desligado, ele elabora rapidamente um plano de perpetuação. Aprisionando Susan, ele mata aqueles que a procuram e concebe um sêmen com o qual fecundará a mulher. A gravidez e o parto são acelerados. O marido acredita no que sua mulher lhe relata e deseja proteger o bebê computador. Susan quer matá-lo, mas, ao ver que se trata de uma criança de carne e osso, prevalece nela o instinto maternal.
De nove anos antes de “Proteus” é “O bebê de Rosemary”, de Roman Polanski. Aqui, não é um computador que fecunda uma mulher, mas o Diabo. Ambos desejam se perpetuar e ter um filho. Diabo e computador podem não ter imaginação fértil (já que estamos falando de fecundação), mas o ser humano tem.