Verônica Nascimento
11/09/2020 19:05 - Atualizado em 12/09/2020 12:18
Em tempos de Covid-19, as escolas foram esvaziadas e o ensino passou a ser à distância, exigindo, de alunos e professores, interação e interatividade. Em São Francisco de Itabapoana, a professora Paula Renata dos Santos Silva, 40 anos, leciona da cozinha de sua casa, na praia de Guaxindiba, utilizando uma parede revestida de azulejos brancos, para ensinar Matemática, em tempo real, aos alunos do Ensino Médio e Formação de Professores da escola estadual São Francisco de Paula. A ideia da parede foi dada por um aluno, quando a professora comentou que usaria um piso como lousa, depois de já ter tentado outras técnicas que, por vídeo, não estavam dando bons resultados. A ideia foi posta em prática e ganhou as redes sociais e a mídia na região.
— A irmã de uma aluna assistiu uma aula, deu um print da tela do computador e postou em rede social, elogiando meu jeito de ensinar. Fiquei lisonjeada, porque já havia tentado de tudo, como filmar segurando o celular com uma mãe e usando a outra para escrever, enquanto explicava a lição, e até mesmo escrever em uma porta de vidro, que dificultava a visualização, mesmo com pano escuro por atrás, para reduzir a claridade e reflexos. A teoria é importante, mas Matemática é prática e, na parede eu vo explicando e eles conseguem acompanhar. Sinto que meus alunos gostam das aulas e interagem bastante, fazendo perguntas e tirando dúvidas. Mas não imaginava que uma coisa simples fosse ganhar tal proporção – contou Paula.
A professora também produz pequenos vídeos com aulas, que repassa aos alunos através de grupos por aplicativo de mensagens. “Com a pandemia, não só os professores como os alunos tiveram de se reinventar na aprendizagem. Meus alunos são excelentes e a maioria tem acesso à tecnologia necessária para acompanhar as aulas pela plataforma. Aviso com antecedência, para que todos possam buscar uma forma de acesso. Foi feito um estudo pela secretaria estadual de Educação e os estudantes que não têm acesso à internet recebem apostilas e podem acompanhar aulas por aplicativo de celular, que fica mais fácil”.
Sonho - Paula começou no magistério em 1999, mas desde criança sonhava em lecionar. “Dava aulas para minhas bonecas e até para as plantas no jardim de casa. Meu pai me deu um pequeno quadro negro e minha irma foi a minha primeira aluna “real”. Sou feliz com meu trabalho muito e grata à minha profissão”, declarou, emocionada.
Plataforma, aplicativos e material impresso
Paula também é professora contratada pela Prefeitura de São Francisco, na Escola Municipal Herval Luiz dos Santos Batista. “O município também utiliza uma plataforma e o alumo tem acesso ao conteúdo e videoaulas. Toda semana ele retira apostilas na escola, devolvendo as da semana anterior, com os exercícios feitos, A Prefeitura está dando um bom suporte para o aluno poder estudar”.
Segundo a secretaria de Educação de SFI, desde 2018, o Currículo de Conteúdos Mínimos foi reformulado de acordo com a Base Nacional Comum Curricular e todo ano passa por aprimoramento, com lançamentos de novos projetos. A implantação da disciplina de Empreendedorismo, nos 6º ao 9º ano e Educação de Jovens e Adultos (EJA), por exemplo, levou o município a ganhar o prêmio estadual Sebrae Prefeito Empreendedor e a concorrer ao prêmio nacional. O Dia D da Matemática garantiu a participação de alunos na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas.
“Devido à pandemia da Covid-19, o município teve de fechar as escolas, mas superou os desafios e achou alternativas para garantir que os alunos não perdessem o vínculo com os estudos, assegurando a aprendizagem não presencial no isolamento social. No início de abril, começou a produzir apostilas semanais com os conteúdos deste ano letivo e, depois, implantou o AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), plataforma de aulas remotas. As apostilas semanais de forma digital são disponibilizadas ali e também são impressas todas as semanas para os quase 9 mil alunos da rede municipal de ensino. Videoaulas com a explicação de um professor são postadas no AVA. Para os anos de escolaridade em que a rede de ensino possui demanda, as videoaulas são gravadas com a linguagem de sinais (libras). E as apostilas ainda são adaptadas para os alunos que possuem necessidades educacionais especiais”, informou o município, por nota.