Futebol feminino tem busca contínua pela igualdade
Matheus Berriel - Atualizado em 08/09/2020 22:37
Volante da equipe feminina do Fla Campos, Karina Soares citou dificuldades enfrentadas pelas mulheres
Volante da equipe feminina do Fla Campos, Karina Soares citou dificuldades enfrentadas pelas mulheres / Foto: Reprodução
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, tornou pública na semana passada a decisão de equiparar os valores dos pagamentos de diárias e premiações da Seleção Brasileira Feminina aos da Masculina. A medida foi elogiada por representantes da modalidade em Campos, onde as mulheres, assim como em todo o país, ainda enfrentam dificuldades para praticar um esporte historicamente machista.
— Desde março deste ano, a CBF fez uma igualdade de valores em relação a prêmios e diárias entre o futebol masculino e feminino. Ou seja, as jogadoras ganham a mesma coisa que os jogadores durante as convocações. Aquilo que eles recebem por convocação diária, as mulheres também recebem. Aquilo que elas vão ganhar pela conquista ou por etapas das Olimpíadas ano que vem será o mesmo que os homens vão ter — disse na ocasião o presidente da CBF.
Faturista hospitalar, Karina da Silva Soares atua como volante do time feminino do Fla Campos, grupo de torcedores do Flamengo que deixou de ser embaixada oficial do clube no final de agosto. Para ela, a notícia de igualdade nos pagamentos às atletas da Seleção representa um avanço simbólico.
— Nada mais justo. Na verdade, demorou muito. Tomara que essa iniciativa seja feita em todas as áreas, e que os clubes comecem a pensar igual — afirmou a atleta amadora.
Criada em 2019, a equipe feminina do Fla Campos disputou um amistoso no final do ano, no Centro de Futebol Zico (CFZ), no Rio de Janeiro. Um torneio em Campos estava previsto para 2020, com jogos em dia único. Contudo, a competição não está confirmada devido à pandemia da Covid-19.
— Talvez o campeonato nem aconteça mais este ano. Levando em consideração que no futebol feminino tudo é mais difícil, com a pandemia as dificuldades aumentaram — lamentou Karina. — O cenário do futebol feminino, infelizmente, parece que é sempre o mesmo, sem evolução e sem apoio. A mulher que joga futebol, é porque ama mesmo. Não temos nenhuma condição e incentivo comparados ao masculino — disse a jogadora, que, como tantas outras mulheres, já participou de partidas de futebol, as famosas “peladas”, dividindo o campo com homens.
Falta de competições dificulta evolução
Desde 2007, a Liga Campista de Desportos (LCD) realizou algumas edições do Campeonato Campista Feminino, porém sem regularidade. Não aconteceu, por exemplo, a edição de 2019, entre outras. Na mais recente, em 2018, o título ficou com o Helênico de Ururaí. Dificilmente haverá o torneio em 2020.
— Devido a essa pandemia, a federação nos proibiu de abrir a liga e de fazer qualquer tipo de evento. Estamos aguardando liberação da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), da CBF e também da Prefeitura para fazer competições — disse o presidente da LCD,Luis Carlos Pereira Fernandes, lamentando a dificuldade histórica para obtenção de patrocínio para equipes femininas: — O futebol feminino tem crescido muito em nossa região. Existe muita falta de apoio. Se tivesse um patrocínio forte, tenho certeza que haveria um fortalecimento, porque temos representações fortes do futebol feminino no Norte Fluminense. Infelizmente, nos falta poder aquisitivo. Mas, vejo essa decisão da CBF de igualar as premiações como muito boa. Isso ajuda a fortalecer o esporte feminino.
Segundo Luis Carlos, atualmente há de oito a 10 times de futebol feminino amadores vinculados à LCD.O município também costuma ser representados em evento de futsal feminino pela Fúria Campista, que já conquistou títulos a níveis regional e estadual, além de ter participado do Campeonato Brasileiro em 2018.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS