A retomada do atendimento presencial do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegou trazendo problemas para o cidadão. Responsáveis por um dos principais serviços requisitados, os médicos peritos ainda não retornaram às suas atividades. Eles alegam que não existe segurança sanitária para prevenção ao coronavírus nas agências do estado do Rio de Janeiro. A falta deste atendimento levou muitas pessoas à esperarem na fila na manhã desta segunda-feira (21) e gerou críticas.

Lívia Batista, de 57 anos, vítima de uma tuberculose, esperava na fila com sua filha para levar o laudo para o perito e ser autorizada a retirar seu crédito do INSS, que já se encontra na conta, embora esteja bloqueado. Não havia perito na agência, apesar de ter agendado a consulta para esta segunda.

— Me mandaram ir para a agência de Macaé na sexta-feira passada. Eu peguei uma carona, mesmo recém-operada de uma drenagem no pulmão e cheia de pontos. Fiquei duas horas na fila e nada de ser atendida. No final, uma assistente falou que não iria ter nenhum perito naquele dia e marcou essa consulta de hoje, que também parece que não vai acontecer — contou Lívia, enquanto aguardava na fila.

Caso semelhante era o de Marizete Lemos, de 68 anos. Ela estava buscando agendamento presencialmente, expondo-se, apesar de estar no grupo de risco, ao coronavírus. A razão era o não atendimento pelo canal de contato do INSS — o 135.

— Tentei ligar durante uns dois meses, não consegui retorno e nem agilizar o exame que garantiria meu auxílio. Infelizmente, vim até aqui e descobri que os médicos não estão atendendo. Nós podemos ficar expostos o quanto for nessas filas, mas eles não podem atender a gente com todo cuidado sanitário e precaução? — indagou a aposentada, que busca liberar o seu auxílio.

A Folha entrou em contato com o INSS, mas ainda não teve retorno.

O presidente do INSS, Leonardo Rolim, disse, em entrevista à Globonews, que os médicos peritos estão mentindo ao alegar que as agências do órgão não estão em condições seguras para a retomada do atendimento diante da pandemia. Para ele, há interesse político por trás da decisão de não retornar ao trabalho.

“Estão mentindo de forma que, eu diria, ninguém esperaria nunca de um médico. Mas eu sei que a maioria da carreira não pensa dessa forma. O que está acontecendo é algo de um grupo, um grupo vinculado a uma associação, a uma entidade de classe que, como foi dito aqui, tem um interesse político por trás", comentou o presidente do INSS, Leonardo Rolim.