A pandemia vai passar, certamente, apesar daqueles que, ao invés de darem o exemplo, a minimizam ou fazem questão de contrariar a ciência e fazer de tudo para criar situações de efetivo risco de contágio do novo coronavírus, como não usar máscaras e/ou provocar aglomerações. Muitos, inclusive, fazem questão de bater no peito e dizer que não usam máscaras, fazem questão de se aglomerar em bares e restaurantes como se nada estivesse acontecendo, orgulhando-se da própria ignorância. Mas, apesar deles, a pandemia vai passar.
E quando efetivamente passar? Há quem fale em “novo normal”, com novos protocolos de segurança, focando no distanciamento social para determinadas atividades coletivas. Há quem garanta que nada será como antes. Mas, será que é isso que queremos? Será que vamos querer nos manter distantes uns dos outros quando tudo isso passar? Ou será que vamos querer nosso velho normal de volta?
Cinema sem pipoca? Restaurantes com mesas protegidas por bolhas? Ensino e trabalho à distância, ao invés de presencial?
É inegável o avanço tecnológico que experimentamos nestes meses de pandemia, ante a necessidade de reinventar as formas de trabalho e ensino/aprendizagem. Ferramentas de videoconferência evoluíram e se tornaram corriqueiras na vida das pessoas, num avanço de muitos anos em poucos meses. O mesmo se pode dizer do comércio virtual. Essa evolução, certamente, veio para ficar. Mas para ficar como alternativa. Não para substituir o contato pessoal, ainda muito importante na formação da personalidade das pessoas, sobretudo crianças e jovens. Somos latinos, necessitamos do contato, de olhar olho no olho. Assim como necessitamos dos cumprimentos, abraços e beijos que tanta falta estamos sentindo. Quando tudo isto passar, não rola continuar cumprimentando pelos cotovelos. Não somos e não podemos nos transformar em blocos de gelo, frios, indiferentes ao sentimento e ao olhar alheio. Falar para uma tela de computador não é a mesma coisa do que falar para uma turma, um auditório, interagir com os espectadores. É da nossa cultura.
Quando tudo isso passar, o que quero é que o “novo normal” tenha sido coisa passageira, para ter lugar de destaque nas histórias que contaremos para as novas gerações. O que quero, de verdade, é o nosso velho normal de volta... mas, quando der!