A Covid-19, que afeta sistemas de saúde e economias no mundo inteiro, tem apontado desigualdades em vários setores, como a educação, especialmente no Ensino Infantil e Fundamental. Em Campos, desde 13 de março, são quase 54 mil alunos fora das salas de aula das 81 creches e 155 escolas da rede municipal, distribuídas nos 4.032,487 km² do município. São unidades diferenciadas pelas características territoriais e sociais, que adotaram fórmulas próprias para manter o vínculo com o alunado e tentar repassar o conteúdo pedagógico do ano letivo corrente. Para se ter uma ideia da complexidade da situação, a população atual de São João da Barra — 36.423 pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BGE) — representa menos de 70% do número de estudantes da rede pública municipal de Campos, que ainda conta com outros 32 mil alunos da Educação Básica (Ensino Infantil ao Médio), de 140 unidades particulares.

Este mês, decreto do governador Wilson Witzel autorizou a reabertura de unidades das redes pública e particular de ensino. Autoridades do setor concordam que alunos da Educação Infantil e Fundamental são os que mais dependem dos recursos das aulas presenciais, porém, assim como a maioria de pais de alunos, também concordam que o momento é de preservação da vida e de seguir as recomendações de prevenção ao novo coronavírus.

Secretária de Educação de Campos, Luciana Eccard afirma que as medidas adotadas pela pasta foram embasadas em orientações sanitárias e que, pelo quadro epidemiológico do município, ainda não há previsão de retorno das aulas presenciais. “Em reunião com representantes da secretária de Saúde e da Vigilância em Saúde, ficou definido que Campos permanecerá com as aulas presenciais suspensas e que será enviado um ofício ao governo do Estado solicitando a não reabertura das escolas da rede estadual e da rede privada, cuja regulação de funcionamento é da secretaria estadual de Educação”.

Luciana destacou que o ensino não foi interrompido no município. “Temos, em Campos, uma rede imensa que se divide em outras, cada qual com um contexto diferente. Temos escolas da área urbana, por exemplo, que a maior parte dos alunos não tem acesso à internet, daí não termos optado por uma plataforma, para aulas remotas. Entendendo que a escola tem autonomia e conhece melhor a realidade do aluno, foi possibilitado que cada uma adotasse um modelo próprio para repassar o conteúdo pedagógico, de forma a minimizar o impacto causado pela pandemia. A recuperação de todo esse conteúdo, que não teve e não terá como ser repassado este ano, vai se dar não só no ano que vem, vai demorar para esse prejuízo pedagógico ser recuperado, e isso não é só em Campos, mas no mundo. Mas o retorno das aulas presenciais só se dará pela autorização da Saúde”.

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particular de Campos (Sinepe) diz que a rede privada de ensino seguirá o mesmo caminho. “O decreto que prevê a retomada das aulas presenciais também dispõe que a previsão se aplica a regiões que permaneçam em baixo risco de Covid e por período não inferior a duas semanas. Aqui, o risco ainda é alto e foi mantida a fase amarela de atenção máxima para a doença. A intenção é seguir a recomendação dos órgãos de saúde, atendendo todos os protocolos de segurança para os profissionais, os alunos”, disse o assessor Jurídico do Sinepe, Bruno Lannes.

Diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), Edson Braga criticou a pasta em Campos: “Um ou dois meses para uma iniciativa seria normal para a situação atípica da pandemia, mas foram cinco meses para começar algo e ainda alegar não ter como implementar algo remoto. A secretaria está se baseando no professor que, por iniciativa própria, trabalha para amenizar a situação. Quanto ao decreto, retomar as aulas presenciais seria incoerente com o crescimento de casos e óbitos pela Covid. Impossível a retomada sem que se pague com muitas vidas e, como sindicato, jamais permitiremos isto”.

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  Mães retiram kits didáticos e alimentação dos filhos na escola

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  Mães retiram kits didáticos e alimentação dos filhos na escola

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  Mães retiram kits didáticos e alimentação dos filhos na escola

A secretaria de Educação Luciana Eccard lembra que o município oferece aulas remotas através da TV Câmara e material didático-pedagógico, distribuído juntamente com o kit alimentação e as atividades elaboradas pelos professores da rede. 

Priscila Cruz foi buscar o kit da filha Maria Vitória, de 7 anos, na Escola Municipal Pequeno Frederico, em Ururaí, quinta-feira. “Prefiro minha filha segura, em casa. Ela faz as atividades e as provinhas e fica feliz”.

— Tem escola que está acompanhando os alunos por meio de aplicativos, que passa atividade pela página da rede social, mas sabemos que só 20% dos estudantes da rede púbica têm acesso à internet. É lógico que o aluno sente falta da escola, do convívio com os colegas e professores, mas o nossa comunidade é carente, sem acesso a tecnologias, e a forma que achamos para para que nosso aluno não fique sem o conteúdo e mantenha a prática de estudar, ler, escrever, foi preparando essas atividades, que são retiradas pelos pais em um mês e devolvidas no mês seguinte. Não há como suprir 100% do conteúdo do ano letivo, mas nossos alunos se mostram empolgados com as atividades. Todos fomos pegos de surpresa pela pandemia e, ano que vem, o trabalho será redobrado — declarou a diretora da E.M. Pequeno Frederico, Lidiane Andrade.