Gás natural impulsiona a economia da região
Paulo Renato Pinto Porto 22/08/2020 11:01 - Atualizado em 22/08/2020 11:02
A energia que faltava para a retomada do fôlego da economia regional adquire uma força multiplicadora com o novo mercado do gás natural, que vive a expectativa da aprovação do marco legal na Câmara dos Deputados. Um dos dois maiores produtores desta fonte de energia no Brasil, o Norte Fluminense alimenta expectativa de atrair R$ 20 bilhões de investimentos, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan).
O documento contém propostas que irão destravar investimentos que podem alcançar até R$ 45 bilhões no Estado, tendo em vista que o Rio é o maior produtor brasileiro do gás, que assume fundamental importância como combustível estratégico na retomada econômica do país e do Estado, principalmente no período pós-pandemia.
O estudo também destaca a região como segundo maior polo de produção de petróleo e gás do Brasil, que deve alcançar um novo ciclo de desenvolvimento com a revitalização dos campos maduros na Bacia de Campos. Segundo ainda o trabalho da Firjan, a capacidade de geração termoelétrica a partir do gás no NF pode quadruplicar nos próximos cinco anos.
O Brasil está entrando para um mercado aberto da livre concorrência com a entrada de novos agentes, saindo de um modelo baseado em um monopólio controlado por uma única empresa, a Petrobras, que está vendendo todos seus ativos de transporte e de distribuição de gás natural. Com o novo modelo, o setor espera maior dinamismo e competição em toda cadeia, desde a expansão da produção, comercialização e consumo.
Para o superintendente de Petróleo, Gás e Inovação de São João da Barra, Wellington Abreu, o novo marco “irá impulsionar empreendimentos diretos como as termoelétricas do Açu e irá proporcionar um ambiente propício e ideal para outras novas indústrias, gerando emprego e renda, além de elevar as receitas de São João da Barra com mais tributos”.
Segundo o superintendente, “a nova matriz energética não trará maiores impactos na geração de royalties, mas irá atrair inúmeras oportunidades de negócios na região”.
Abreu falou também sobre a necessidade de melhor infraestrutura para escoamento, processamento do gás mas destacou as vantagens do Porto do Açu. “O Porto do Açu é uma realidade, diferente do Tepor (Macaé) e do Porto Central (Presidente Kennedy-ES). Esperamos uma maior atenção do governo federal para uma rota direta do gás para o pré-sal (Bacia de Santos), da Bacia de Campos e do Espírito Santo aqui para São João da Barra, que é a melhor opção para o escoamento de todo este gás e também para o petróleo”.
A GNA está construindo no Porto do Açu, o maior complexo termelétrico da América Latina com a implantação de duas usinas térmicas movidas a gás natural (GNA I e GNA II) que, em conjunto, alcançarão 3 GW de capacidade instalada. Juntas, irão gerar energia para atender cerca de 14 milhões de residências. Além das térmicas, o projeto compreende ainda um Terminal de Regaseificação de GNL (Gás Natural Liquefeito), de 21 milhões de metros cúbicos/dia. Juntos, os projetos do complexo termelétrico somam mais de R$ 8,5 bilhões em investimentos.
A GNA I e o Terminal de GNL estão em fase final de construção e vão entrar em operação comercial em 2021. No pico das obras, as empresas contratadas pela construção chegaram a empregar mais de 5 mil pessoas, sendo grande parte moradores de São João da Barra e Campos dos Goytacazes.
A GNA possui, ainda, licença ambiental para mais que dobrar sua capacidade instalada, podendo chegar a 6,4 GW, o que permitirá o desenvolvimento de projetos adicionais no futuro. A localização estratégica do Porto do Açu, próximo aos campos produtores de pré-sal, possibilitará a criação de um Hub de Gás, para recebimento, processamento e transporte do gás associado, bem como exportação de grandes blocos de energia.
Com foco neste novo mercado, o setor se movimenta e anuncia acordos e parcerias. A Prumo, empresa brasileira controlada pela EIG Global Energy Partners e a Siemens, assinaram neste mês um contrato vinculante com a SPIC Brasil. Segundo o contrato, o grupo chinês que controla a SPIC irá adquirir inicialmente 33% dos projetos GNA I e GNA II, no Porto do Açu, que somam 3 GW de geração de energia a partir do GNL. A SPIC também firmou um contrato para participação nos futuros projetos de expansão na GNA III e GNA IV, que preveem a utilização combinada do GNL e de gás das vastas reservas de pré-sal do Brasil.
O fechamento do contrato, previsto para o último trimestre de 2020, está sujeito ao cumprimento de certas condições precedentes comuns a este tipo de transação, entre outras. Gigante mundial do setor, a SPIC possui 140 mil funcionários e está presente em 43 países. Atua também na geração de energia eólica e hídrica. Na China, a SPIC é um dos cinco principais geradores de energia, com capacidade total instalada de 143GW.

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