Se você vive neste estranho início de século 19, ops, 20, ops, 21 e foi obrigada (o) a ser dividido entre esquerda e direita, com certeza vai ler o título acima e interpretar de um jeito ou outro: o a autora é uma transfóbica ou defensora do tradicional pai-raiz, nascido, criado e existido do sexo masculino. Errou nas duas opções. Vou explicar o título, mas, para isso, é preciso respirar e ler para entender.

Na última semana, o assunto “Thammy estrela campanha da Natura para o Dia dos Pais” tomou conta das redes sociais. Poucas são as pessoas que não opinaram de uma forma ou de outra, contra ou a favor do filho de Gretchen, nascido do sexo feminino, mas que se identifica como homem e buscou os meios para realizar aquilo que acredita.

Bom, pouca gente não sabe também que, “no fim de 2014, Thammy assumiu sua real identidade de gênero: É, na verdade, um homem transexual. Neste mesmo ano, começou a fazer terapia hormonal para realizar a transição de gênero, para obter uma aparência masculina. Em dezembro de 2014, submeteu-se a cirurgia de redesignação sexual, e retirou seus seios.

Posteriormente, deu entrada na justiça para realizar a troca do gênero e, consequentemente, de seu nome de batismo em seus documentos. Conseguiu êxito, deixando de assinar Thammy Cristina Brito de Miranda Silva, para assumir o nome Thammy Brito de Miranda Silva” (trecho retirado do abençoado Wikipédia para tentar não errar nos termos, mas, se houver alguma incorreção, me avisem e me perdoem).

Enfim, Thammy tem sua própria vida, é casado e tem um filho (lindo!), uma vida aparentemente estabilizada. Mas, sofre ataques na internet — e não é apenas no caso envolvendo escolha sexual, mas negros, pobres, qualquer pessoa que saia do padrão criado sabe-se lá por quem sofre inacreditáveis ataques. No caso da campanha da Natura não foi diferente.

Já houve protesto, reclamações, ameaças de boicotes. Em contrapartida, as ações da Natura dispararam. Todo um debate acirrado, discussões acaloradas. E sabe da maior? Thammy nem esta na campanha. Isso mesmo. Toda confusão e repercussão aconteceram em cima de um “fake”. Ele tinha sido chamado para divulgar a campanha em suas redes sociais. Descobri após assistir a campanha umas 10 vezes e não achar o alvo do protesto ali.

Isso, para mostrar como nos deixamos levar pelo “ouvi falar”. Pode ser até que ele passe a integrar a campanha agora. E por que não poderia? Em um mundo onde pais abandonam seus filhos, são ausentes, e muitos são os chamados pais de festa —aqueles que só aparecem no aniversário ou Natal —, ser um pai presente, mesmo não tendo nascido do sexo masculino deve incomodar bastante. Compreensível.