Vereador e pré-candidato à reeleição, Igor Pereira (SD) foi o entrevistado desta quarta-feira (22) no programa Folha no Ar, na Folha FM 98,3. Ex-aliado do prefeito Rafael Diniz (Cidadania), Igor foi pivô da ruptura de parte dos colegas com o governo no final de 2019 e agora integra o grupo político do deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD), que ainda não definiu alguém para disputar a cadeira de Rafael. Durante a entrevista, o próprio nome de Igor foi levantado como possível pré-candidato ao Executivo nas redes sociais. Sem negar e sem confirmar, o parlamentar agradeceu a lembrança e falou que há indefinições entre possíveis concorrentes.
— Confesso que não discutimos ainda com Rodrigo sobre quem serão os nomes ou os pré-candidatos, mas fico feliz por meu nome estar sendo lembrado — disse o vereador.
Os três nomes mais fortes do grupo de Bacellar para uma eventual candidatura seriam do juiz aposentado Pedro Henrique Alves (SD), da ginecologista Cândida Barcelos (DEM) e do ex-deputado estadual Pastor Éber Silva (DEM). No entanto, nos bastidores, se fala que os recentes escândalos envolvendo o governador – e ex-juiz federal – Wilson Witzel (PSC) teriam esfriado a possibilidade de se lançar um magistrado nas urnas. Além disso, também se fala de um possível declínio de Cândida, o que colocaria o nome de Igor Pereira em evidência no grupo.
— Não tenho essas informações referentes a Cândida e Pedro Henrique, mas quero, de antemão, falar dos dois nomes. Eu acho que os dois seriam grandes candidatos para Campos. Pedro Henrique com toda sua experiência, um juiz com conduta ilibada. Dra. Cândida, uma médica, tem conhecimento enorme na área da Saúde, é da nova política, nunca participou de eleição nenhuma. Mas aí é uma questão muito pessoal e me reservo a deixar ao presidente do nosso partido, Rodrigo Bacellar, que no momento oportuno estará falando. Sobre essa questão de estar surgindo meu nome, eu agradeço o carinho e confiança, mas acho que vem de um trabalho. O cenário político de Campos ainda está muito indefinido. Não só do nosso grupo, mas de todos os grupos.
Igor elogiou a atuação do deputado federal e também pré-candidato a prefeito Wladimir Garotinho (PSD), mas lamentou o que chamou da falta de diálogo entre ele e o prefeito Rafael Diniz para conseguirem recursos para a cidade. “O Wladimir, que tem feito um bom mandato, ele é o único deputado federal de Campos. Ele é de um grupo político e o prefeito é de outro grupo político e estamos vendo a dificuldade dos dois em trazer recursos para o município. A partir do ano que vem isso não pode existir mais. Temos aposentados faltando 20% do pagamento, RPAs com cinco meses atrasados, UBS fechadas, DAS com salários atrasados, a Saúde no momento em que estamos vivendo de pandemia. E aí se coloca acima do interesse do município, os interesses políticos”, declarou o vereador, que completou:
— Acho que Campos vai precisar ainda muito mais do deputado Wladimir em Brasília. Como deputado federal ele vai poder ajudar muito a Campos. Nós vamos precisar muito dele, sim. Não é porque estou no Solidariedade e que ele é de outro partido que temos que ter essas diferenças. Até porque o Wladimir é uma pessoa com quem sempre converso. Nesta semana conversamos muito. Converso muito com o (pré-candidato) Caio Vianna (PDT) também, tenho um diálogo bom com ele. Mas te digo que Campos não é uma cidade qualquer. Deixar de ter um deputado federal seria muito ruim para o município.
Natural da Baixada Campista, Igor Pereira começou o mandato na base do prefeito Rafael Diniz e rompeu com o governo no final do ano passado, quando o Executivo enviou um pacote de projetos polêmicos com objetivo contingenciar as despesas, mas que incluía pontos como controle mais rígido para concessão de auxílio-alimentação aos servidores municipais, mudança de regras para recebimento de adicional por insalubridade e da concessão de gratificações.
O grupo de oito vereadores – até então da base do governo – foi liderado por Igor, que alegou falta de diálogo do governo ao enviar o pacote no final do ano.
—No primeiro ano, por responsabilidade, não fiz críticas ao governo, mas no segundo ano, coisas pontuais, que eu entendia que não dependiam de questões financeiras. Eram questões políticas, não partidária, mas a política de atender, de estar perto das pessoas. Desde o segundo ano eu venho fazendo diversas críticas no plenário da Câmara. Eu falava que era um absurdo. Ele (Rafael) dizia que iria resolver. Coisas que alguns secretários poderiam resolver no mesmo dia e passavam 30, 60, 90 dias sem uma resposta. Chegou um momento que essa dificuldade não era só minha, mas de vários vereadores. Todos reclamavam muito da falta do diálogo, do atendimento dos secretários — afirmou o vereador, que continuou:
— Aí chegou o momento que o Executivo enviou alguns projetos no ano passado que foi denominado de “pacote de maldades”, onde eu me posicionei contrário aos projetos. Alguns vereadores também falaram que não estavam seguros para votar. Foram nove projetos no final do ano, junto com o orçamento, para discutir inúmeros projetos importantes a toque de caixa. Não houve diálogo com esses vereadores naquele momento. Entre os nove projetos, poderia ter um ou outro que fosse interessante. Falei para retirarem de pauta e colocar em outra oportunidade. Mas não pode em duas semanas estar discutindo orçamento e nove projetos extremamente complexos. Me posicionei e votei contra todos os projetos apresentados e todos foram reprovados.
Com o rompimento formalizado, chegou a vez da votação do orçamento de 2020 e a maior polêmica ficou por conta do limite de remanejamento para o prefeito. Durante o governo Rosinha, chegou a ser de 50% e depois passou a 30%. Então vereador, Rafael chegou a defender um limite de 10%, que foi a proposta inicial do grupo liderado por Igor. Sem consenso, o orçamento de 2020 foi reprovado. Após um acordo entre o presidente da Câmara, Fred Machado (Cidadania), e Wladimir Garotinho, através do vereador Alvaro Oliveira (PSD), houve uma nova votação que limitou a 20%.
— Quando levantamos a bandeira dos 10% de remanejamento, eles (governo) falaram que seria inconstitucional, inclusive derrubando a emenda com um parecer da CCJ. São nessas questões que eles viram reféns do próprio discurso. A emenda foi derrubada em uma das maiores manobras deste Parlamento. Confesso que naquele dia ficou marcado até no país a reprovação do orçamento. O próprio prefeito Rafael Diniz, o vereador Marcão e o grupo de oposição, a todo momento no governo passado, eles levantaram a questão dos 10% de remanejamento. Foi uma falta de respeito com o povo de Campos, rasgando o regimento. Naquele momento, não estava combinada a reprovação, mas não podíamos aceitar aquela manobra. Quando viram o erro que cometeram, fizeram um acordo com a oposição. O que também entendo como uma vitória do G8 porque senão seriam 30%.