Matheus Berriel
31/07/2020 17:06 - Atualizado em 01/08/2020 09:42
O clássico mais antigo do Brasil entre clubes de grande expressão, disputado desde 1905 e por isso apelidado de Vovô, ganha neste sábado (1º) mais um capítulo. Às 19h, Botafogo e Fluminense se enfrentam no estádio Nilton Santos, o Engenhão, prestando homenagem a um campista com história em ambos, tanto dentro quanto fora das quatro linhas. Waldir Pereira, ou simplesmente Didi, dá nome à taça que batiza o segundo amistoso entre os rivais na preparação para o Campeonato Brasileiro. As equipes sub-20 do Fogo e sub-23 do Flu jogam mais cedo, às 15h, no mesmo local.
Na prática, a Taça Didi é a mesma Taça Gerson que ficou com o Fluminense, sábado passado (25), após vitória por 1 a 0, gol de Michel Araújo. Desta vez, independente do resultado, o troféu passará para a sede alvinegra, permanecendo em General Severiano até o próximo confronto. O dono definitivo da Taça Gerson e Didi só será conhecido após os dois clássicos válidos pelo Brasileiro, sendo declarado campeão quem somar o maior número de pontos nas quatro partidas dos profissionais.
Autor da biografia “Didi, o gênio da Folha Seca”, o jornalista e escritor Péris Ribeiro é crítico ao formato do torneio amistoso, que também homenageia Gerson, o Canhotinha de Ouro. Contudo, elogia a iniciativa dos clubes de valorizarem dois de seus grandes personagens, ambos meio-campistas, indo na contramão do habitual esquecimento existente no futebol brasileiro.
— Podiam pegar um troféu, isoladamente, e colocar o nome de um, depois um com o nome do outro. Tem esse revezamento, é um formato confuso. Acho desorganizado. Mas, a homenagem em si é extraordinária, sem a menor dúvida — comentou Péris.
Atleta do Fluminense de 1949 a 1956, e do Botafogo em dois períodos, de 1956 a 1959 e de 1960 a 1962, Didi conquistou títulos importantes vestindo as duas camisas. Pelo Tricolor, foi campeão estadual em 1951; da Copa Rio — atualmente reivindicada como título mundial — e do Torneio Quadrangular de Belo Horizonte em 1952; além do Torneio Início em 1954. Como treinador, comandou em 1975 o time histórico apelidado de Máquina. Já no Botafogo, entre as conquistas enquanto jogador, destacam-se os Estaduais de 1957, 1961 e 1962, ano em que faturou também o Torneio Rio-São Paulo e o Pentagonal do México. Foi ainda técnico alvinegro em 1981.
— Didi sempre será lembrado, o seu nome está imortalizado. Não se pode contar a história das conquistas do futebol brasileiro sem citar o nome desse bicampeão mundial (pela Seleção Brasileira). Sinto-me triplamente orgulhoso, por ser ele campista, ter vestido a camisa do meu Rio Branco e brilhado no Botafogo, clube pelo qual nutro grande carinho — disse o radialista Arnaldo Garcia.
— É uma bela homenagem a um jogador que gravou seu nome na história do Fluminense, além do Botafogo e da Seleção. A iniciativa das direções dos clubes é genial, perpetuando os craques na memória dos clubes e trazendo conhecimento para as novas gerações de torcedores — pontuou o diretor financeiro da Folha da Manhã, Christiano Abreu Barbosa, que herdou do pai, o jornalista Aluysio Cardoso Barbosa, fundador da Folha, a paixão pelo Flu.
Ao contrário do niteroiense Gerson, atualmente com 79 anos e comentarista esportivo, Didi morreu em 2001, aos 72. Um ano antes, foi o primeiro a receber o Troféu Folha Seca, criado pela Folha para homenagear campistas de sucesso nacional e internacional em suas áreas de atuação. O nome do prêmio é alusivo ao seu mais famoso chute, com uma mudança de direção da bola que levou o Brasil à Copa de 1958, da qual ele, o próprio Didi, seria campeão e eleito melhor jogador — o Mister Football (Senhor Futebol).