Matheus Berriel
10/07/2020 17:04 - Atualizado em 24/07/2020 18:32
Com nove bens tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Campos terá em breve um escritório técnico do órgão, desejo antigo das entidades locais ligadas à preservação. A informação foi divulgada pelo diretor geral do Inepac, Claudio Prado de Mello, durante bate-papo virtual com a diretora do Museu Histórico de Campos, Graziela Escocard, no último domingo (05), transmitido via Facebook. De acordo com Cláudio, o município foi escolhido para sediar o escritório técnico do Norte Fluminense após parceria com a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL). Uma sala do segundo andar do Museu Histórico foi disponibilizada para sediar a unidade, que será chefiada pelo arquiteto Humberto Neto das Chagas. A data de inauguração ainda não foi definida.
— Desde que eu fui nomeado, em maio de 2019, um dos pontos que coloquei na minha lista de prioridades, através do meu programa de gestão, foi justamente a criação dos escritórios técnicos, a começar por Campos, que tem um patrimônio muito importante. Pouco foi tombado pelo Inepac, a gente só tem nove tombamentos. Isso é uma injustiça com o município, que tem uma riqueza patrimonial e uma história tão importantes. A criação do escritório técnico visa justamente passar a dar uma atenção maior ao município, que tem um conjunto de arquitetura eclética realmente muito expressivo. Depois do Rio de Janeiro, no estado, é o que mais detém prédios dessa categoria — afirmou Cláudio Prado de Mello, mencionado o avaloaval junto à secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros: — Agradecer à secretaria Danielle, que nos apoiou desde o primeiro momento e, naturalmente, ao Governo do Estado, que nos apoia em todas os desafios.
As despesas de contratação de funcionários para a equipe do escritório técnico do Norte Fluminense serão arcadas pelo próprio Inepac. O escritório técnico funcionará na sala destinada a abrigar o gabinete da ex-prefeita Rosinha Garotinho quando o Museu Histórico foi inaugurado, em 2012. De acordo com a diretora do museu, Graziela Escocard, o espaço não chegou a ser usado por Rosinha, passando então a receber cursos e catalogação de acervos.
A presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Cristina Lima, disse que a implantação da unidade em Campos “premia gerações passadas e recentes que sempre sonharam com uma proximidade maior” com o Inepac, facilitando a ação e fiscalização de patrimônios material, imaterial e natural.
— A iniciativa de ceder um espaço no Museu Histórico de Campos para a instalação de um escritório regional do Inepac vem ratificar a preocupação e sensibilidade do prefeito Rafael Diniz com a defesa do nosso patrimônio cultural e histórico, estabelecendo mais uma parceria que, aliás, é uma tônica da atual administração municipal — disse Cristina Lima. — Fizemos a nossa parte. Esperamos, confiantes, que o Estado, através da secretaria de Cultura e Economia Criativa, consolide esta parceria. Sem dúvida, será um ganho para Campos e toda região Noroeste — pontuou.
A criação do escritório técnico do Inepac em Campos tramitava desde julho de 2019. Participaram das tratativas o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG), Genilson Paes Soares; a diretora do Arquivo Público Municipal, Rafaela Machado; e o historiador Carlos Freitas, ex-diretor do Museu Histórico, além da atual diretora, Graziela Escocard.
— Tenho ótimas expectativas para o escritório do Inepac aqui em nossa cidade. Meu coração se enche de esperança. Tenho certeza que irá fortalecer nosso trabalho na preservação da nossa história e memória. Espero, sinceramente, que o escritório do Inepac contribuía para olharmos de forma mais atenta para os bens culturais, materiais e imateriais, que nos cercam e ajudam a dar sentido a nossas vidas — comentou Graziela.
— A instalação do escritório do Inepac na nossa região é um pleito antigo da comunidade local e foi possível graças à intervenção e ao somatório de forças de várias instituições e pessoas. Em especial, há que se citar a sensibilidade da secretária de Cultura, Danielle Barros, e do diretor do Inepac, Cláudio Prado de Mello, que vem há um bom tempo realizando esse trabalho de negociar a chegada desse escritório a Campos. Acredito que com isso, não somente os edifícios já tombados pelo Inepac tenham a ganhar, como também muitos outros que correm grave risco, mesmo aqueles que são objeto de tombamento por outros órgãos. Nesse sentido também, a escolha do Humberto Neto como profissional responsável pelo escritório foi muito pertinente e bem pensada — reforçou Rafaela Machado.
Entre os bens já tombados pelo Inepac na planície goitacá estão a Serra do Mar, o coreto do Jardim do Liceu, o Canal Campos-Macaé 1, os hotéis Amazonas e Gaspar, a sede da Lira de Apollo, o próprio Solar dos Visconde de Araruama, o Colégio Estadual Nilo Peçanha e o Liceu de Humanidades. Está adiantado o processo de tombamento do Mercado Municipal, com cerimônia de entrega previsto para 15 de setembro.
— Além de ganharmos um forte aliado na preservação do patrimônio cultural da nossa região, o funcionamento do escritório técnico regional em Campos será fundamental para acelerar os processos de tombamento já em andamento do Mercado Municipal, das Estações Ferroviárias de Dores de Macabu, Santa Maria e Santo Eduardo. Com apenas nove bens tombados em Campos, é compromisso do Inepac a ampliação desse quantitativo nos campos material, imaterial e natural — enfatizou Genilson Paes Soares.