Possibilidade de eventos drive-in em Campos representa volta ao passado no novo normal
Channa Vieira 03/07/2020 17:11 - Atualizado em 24/07/2020 18:30
Drive-in no Jóquei Clube
Drive-in no Jóquei Clube
Grandes telas, fileiras de carros e dezenas de pessoas sob a luz do luar. Temática de diversos filmes de Hollywood e escolhido como entretenimento por muitos casais, o cinema drive-in chegou ao Brasil na década de 1960. No entanto, o modelo foi perdendo espaço na esfera cultural no final dos anos 70, embora a capital do país, Brasília, ainda abrigue uma unidade, inaugurada em 1973. Em Campos, o exemplar, que funcionava no Jóquei Clube, fechou os portões em 1992. Agora, em tempos de distanciamento social devido à pandemia da Covid-19, o sistema drive-in se reinventa e se torna a forma mais segura de lazer em todo o mundo.
Maior cidade do interior fluminense, Campos sempre foi palco de grandes apresentações culturais. Nomes respeitados da música, do teatro e da TV já abrilhantaram a planície. Nos últimos meses, contudo, o setor de eventos, importante para a economia, estagnou-se a partir da propagação do novo coronavírus, uma vez que foi o primeiro a ser fortemente afetado pela necessidade da quarentena e, de acordo com levantamentos de autoridades em saúde, será o último a retomar a normalidade.
Readotado em diversos países e já também em algumas cidades brasileiras, o drive-in aparece como alternativa de entretenimento para Campos. Produtor de eventos há duas décadas, Rodrigo Barreto, o Brinquinho, conta que a Invictus Produtora, que já atua no mercado cultural há seis anos, da qual é sócio, tem um projeto de drive-in montado para a região há cerca de dois meses. Porém, embora esta seja, até o momento, a única opção autorizada por decretos de flexibilização em algumas cidades, ele acredita que a medida paliativa não chegará a ser implementada em no município, pelo menos não solitariamente.
— Junto a agentes de saúde, há dois meses, nós elaboramos um projeto para eventos em sistema drive-in, seguindo todos os critérios exigidos pelas autoridades sanitárias. Inclusive, recebemos da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) todos os protocolos que deverão ser adotados para eventos neste modelo, ou até mesmo para o retorno dos presenciais. Campos ainda não flexibilizou suas medidas para a realização de entretenimento drive-in. Mas, de qualquer forma, já temos esse projeto finalizado em mãos. Por outro lado, há uma expectativa de que, nos próximos dois meses, a gente já tenha um plano de reabertura para eventos neste novo normal, seguindo essa cartilha da Abrape que está sendo apresentada no Ministério da Cultura e será repassada para as secretarias de Saúde das cidades. Então, de repente, a gente pule para um processo de evento com um terço da capacidade, espaço físico duas vezes maior que o público pretendido, entre outras medidas importantes e que serão exigidas daqui para frente — explicou o produtor.
Conhecedor da história do cine drive-in apenas pelas memórias contadas pelos pais, que, inclusive, frequentaram a atração no Jóquei Clube, Rodrigo vê essa volta ao passado como uma possível opção de lazer para os campistas. Mesmo em caso de liberação dos eventos com público, as apresentações em sistema drive-in não estão descartadas pela Invictus Produtora.
Jorge Mothé e Ricardo Amaral
Jorge Mothé e Ricardo Amaral
O passado que vem se tornando cada vez mais presente abre portas para as lembranças de Jorge Mothé Filho, de 68 anos. Seu pai, o empresário campista Jorge Mothé, era proprietário do cinema drive-in de Campos. Imponente, o espaço possuía uma tela com 20 metros de largura e contava com um sistema moderno para a época, que transmitia o som dos filmes diretamente para o rádio do carro. Considerado o segundo melhor drive-in do Brasil, foi o primeiro a possuir também público em plateias, além dos veículos.
— O projeto foi criado pelo meu pai com o Ricardo Amaral, que era proprietário do drive-in da Lagoa, no Rio de Janeiro. Eles formaram a ideia de projetar em uma área mais tranquila, que foi no antigo Jóquei Clube. Na época, para a abertura do espaço, foi feita uma análise no local, vindo também uma empresa da Holanda, que estudou e preparou a posição da tela de acordo com a lua — conta Jorginho Mothé, como é carinhosamente chamado pelos amigos. — Acho muito bacana e muito importante, neste momento tão difícil que estamos passando, esse acontecimento com o drive-in. Você está dentro da sua segurança, da sua área, e também está mais reservado — destaca.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS