Campos tem bens histórico-culturais desaparecidos
Matheus Berriel 01/07/2020 17:26 - Atualizado em 24/07/2020 18:29
Lista de itens procurados pelo Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes
Lista de itens procurados pelo Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes / Divulgação/IHGC
Onde está a bengala de Nilo Peçanha? A pergunta é feita há quase três anos por membros do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG), entidade que retomou no mês passado a divulgação da campanha de procura por bens culturais desaparecidos na planície goitacá.
— A ideia do Instituto Histórico de divulgar os bens materiais desaparecidos surgiu no ano de 2017, quando organizamos a exposição iconográfica comemorativa do sesquicentenário de nascimento de Nilo Peçanha. Na ocasião, queríamos expor a bengala que foi dele e que fazia parte do acervo da Prefeitura, mas fomos informados que a peça havia desaparecido desde o século passado. Realizamos uma pesquisa e detectamos que outros itens que também eram do acervo da Fundação Cultural e Biblioteca Municipal não foram encontrados. Consideramos isso um grande desrespeito com a memória histórica de nossa cidade, pois são objetos do povo campista e que deveriam estar expostos no nosso Museu Histórico — afirmou o presidente do IHGCG, Genilson Paes Soares.
Em outubro de 2017, a Folha noticiou o desaparecimento de itens históricos de Campos após publicação do jornalista Fernando Leite em seu blog “Fernando Leite & Outros Quintais”. Além da bengala, incrustada de ouro, também não haviam sido encontrados preciosidades históricas como uma chave de ouro pesando 55 gramas; uma medalha de prata da Sociedade Nacional de Agricultura; uma fivela de cabelo de madrepérola de Benta Pereira; e o termo de traslado dos restos mortais de José do Patrocínio e sua esposa, Maria Henriqueta. Conforme registrado em ata da tesouraria da Prefeitura, datada de 1975, os objetos ficavam no cofre da secretaria municipal de Fazenda, que mudou de endereço mais de uma vez, passando pelo antigo prédio da Câmara Municipal, onde hoje funciona o Museu Histórico, e pelo edifício Cidade de Campos, ambos na praça do Santíssimo Salvador, antes de se instalar no prédio da Lira Guarany, à rua 13 de maio.
Procurada em 2017, a secretaria de Fazenda de Campos informou que, desde o ingresso da gestão atual na administração da referida pasta, ocorrido naquele ano, não tinha notícia da existência do cofre nem dos itens mencionados. Na ocasião, a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Cristina Lima, ressaltou que as peças teriam sido vistas pela última vez na década de 1990. Desde então, segundo Genilson Paes Soares, dos itens citados, apenas o termo de traslado foi localizado: estava na Biblioteca Municipal.
Atualmente, o IHGCG busca localizar também a planta de Campos feita em 1902 pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito; o brasão da cidade desenhado em 1901 pelo arquiteto Miguel Clemente; o sino da antiga Casa de Cadeia e Câmara; a coroa metálica da Igreja Mãe dos Homens; a estátua de sal que ficava no Jardim São Benedito; e o mármore da deusa Diana que compunha a paisagem da avenida 15 de Novembro. Informações sobre os bens culturais podem ser passadas pelo e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp (22) 98175-0616, com garantia do anonimato.
— O objetivo de se dar publicidade sobre o desaparecimento dessas peças é conseguir informações sobre o paradeiro das mesmas e, consequentemente, o retorno às instituições de origem. Estamos usando as redes sociais do instituto para a divulgação, e toda denúncia recebida será registrada de forma anônima — assegurou Genilson Paes Soares.

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