CPI da PreviCampos: Em um jogo de ataques e defesas, situação e oposição falam
30/07/2020 21:33 - Atualizado em 30/07/2020 21:45
Ao jornalismo se atribui socialmente a função de relatar faces da verdade. O jornalismo profissional —que é essencialmente diferente de publicações virtuais que trabalham sem os parâmetros da verdade e da credibilidade — atua fundamentalmente com fatos. E mesmo com todos os problemas que eventualmente possa apresentar, como falha na apuração ou quando a serviço de interesses políticos — é praticamente impossível considerar a vida em sociedade democrática sem a atuação efetiva da imprensa.
Embora deva perceber a direção de ventos, principalmente de vendavais, o jornalismo não deve se alinhar com a máxima política que diz: “política é como nuvem. Você olha e está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”, definição do falecido ex-governador mineiro Magalhães Pinto.
Uma dessas ventanias foi o relatório da CPI da PreviCampos que foi lido nesta terça (28), fazendo as nuvens do céu político de Campos mudarem bastante nesta semana. Uma dessas mudanças ocorreram no grupo garotista. Depois de antecipado pela Folha e pelo blog Opiniões, de Aluysio Abreu Barbosa, parecia se consolidar a pré-candidatura de Fábio Ribeiro, ex-secretário de Administração de Campos, na gestão Rosinha, no lugar do deputado federal Wladimir Garotinho. Para disputar a majoritária, Fábio seria o nome escolhido após o cálculo político do grupo garotista, que pretendia manter Wladimir em Brasília.
Fábio foi ao Rio, visitar Anthony Garotinho, que sabidamente tem a palavra final no grupo. Wladimir publicou em rede social que não seria hora de individualismos e que deveriam pensar mais no município que em projetos pessoais. A partir desses fatos, a pré-candidatura de Fábio parecia certa. O que motivou um pedido de entrevista deste blog ao Fábio, que prontamente aceitou e declarou exclusividade. Feita a entrevista por telefone e depois de já preparada para publicação o ex-secretário pediu um prazo até ontem, quarta-feira (29), alegando motivos pessoais e familiares. Diante do pedido e das alegações, foi concedido o prazo solicitado, que não condiz com a praxe jornalística, porém havia uma promessa de exclusividade e a possibilidade de fatos novos que contribuíssem com a informação mais factual e verossímil ao leitor, este merecedor de todo respeito.
Após a leitura do relatório da CPI do PreviCampos, pelo relator Cláudio Andrade, foi citado o nome de Fábio Ribeiro, entre outros envolvidos, com “existência de indícios de improbidade administrativa”. O que tornou a entrevista de domingo anacrônica.
                                *Em respeito ao leitor, ao final desta publicação, deixo a entrevista realizada com Fábio no último domingo*.
O relatório da CPI trouxe os fatos ali apurados, e disponibilizou para qualquer munícipe as informações e quem foram os envolvidos. Impactos políticos a CPI fatalmente e factualmente produziu, alterando o tabuleiro e movimentando oposição, situação e os pré-candidatos da cidade.
O blog procurou representantes de diversas correntes políticas, inclusive novamente o ex-secretário Fábio Ribeiro, citado no relatório.
Este mesmo espaço está franqueado aos mencionados aqui, citados no relatório ou qualquer outro ator político que tenha informações a acrescentar. Foram procurados representantes do grupo político de Arnaldo Vianna, inclusive do pré-candidato Caio Vianna, mas não enviaram respostas.
 
Wladimir Garotinho prefere se posicionar atacando o relatório e o próprio relator. Considera que “a CPI da PreviCampos é totalmente eleitoreira”.
"Essa CPI da PreviCampos é totalmente eleitoreira, depois de 4 anos divulgam um relatório na véspera do período eleitoral para servir de cortina de fumaça para um governo medíocre e ser usada para atacar adversários" (Wladimir Garotinho)
 
—O vereador Cláudio Andrade deveria pedir uma CPI para investigar o perdão de 58 milhões dado pelo governo que ele defende para um grupo privado da área de saúde que apoiou abertamente a sua campanha. Enquanto abre mão para os ricos, não paga o salário do povo trabalhador. Essa CPI da PreviCampos é totalmente eleitoreira, depois de 4 anos divulgam um relatório na véspera do período eleitoral para servir de cortina de fumaça para um governo medíocre e ser usada para atacar adversários. Só sabem lamentar e colocar a culpa no governo passado, ninguém aguenta mais isso. Campos merece quem governe olhando pra frente e pensando no futuro. 
Fábio Ribeiro segue a mesma linha, acusando a CPI de eleitoreira e de uma “tentava de iludir a população”, chamando da CPI de “peça de teatro” e culpa a atual gestão.
"Os membros da CPI, na tentava de iludir a população, esqueceram a boa técnica e desrespeitaram a lei" (Fábio Ribeiro)
— O objeto da CPI da Previcampos já foi auditado pelo Tribunal de Contas do Estado e por um Auditoria independente. Assim, qual a finalidade de sua instalação? Impedir a instalação da CPI saúde e servir de palanque eleitoreiro para os seus membros. A PREVICAMPOS possui autonomia administrativa e financeira. Os membros da CPI, na tentava de iludir a população, esqueceram a boa técnica e desrespeitaram a lei. Fizeram do Relatório um panfleto de especulação politica. Assim, a divulgação dessa peça de teatro é prova inequívoca do descaso dos atuais gestores e vereadores governistas com a Saúde de Campos, que pode está matando gente por falta de assistência. Isso nos motiva cada vez mais a continuar a caminhada por uma Campos unida, que ofereça serviços de qualidade para o nosso povo. 
Roberto Henriques, ex-prefeito e pré-candidato a majoritária em 2020, lembra do direito de defesa dos acusados.
"Não devemos condená-los prematuramente, eles tem o direito à ampla defesa que é consagrado através da constituição federal. A palavra agora, depois do relatório, está com aqueles que foram acusados " (Roberto Henriques)
—Eu me recuso a crer que um vereador do parlamento campista, juramentado, e não é um só, são membros de uma comissão, todos juramentados, juraram sob a constituição do município e da federal. Eu me recuso a crer que eles iriam fraudar qualquer tipo de relatório. Eles não podem mentir em apurações acerca de recurso do tesouro público, e nem de outra natureza. Portanto, também reconheço que aqueles que estão sendo acusados como responsáveis ou corresponsáveis, nós não devemos condená-los prematuramente, eles tem o direito à ampla defesa que é consagrado através da constituição federal. A palavra agora, depois do relatório, está com aqueles que foram acusados e a eles devem dar o direito da defesa.
Alexandre Bastos, secretário de Governo de Rafael Diniz rebate o grupo de oposição garotista.
"Os anos passam e esses Garotinhos nunca crescem" (Alexandre Bastos)
— Os anos passam e esses Garotinhos nunca crescem. Ao invés de explicar o absurdo que foi cometido com os recursos dos servidores públicos, eles preferem se vitimizar e colocar a culpa em quem desmascara o modus operandi deles.
 
 
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Entrevista com Fábio Ribeiro que seria publicada no último domingo (26):
Como a Folha e o blog Opiniões de Aluysio Abreu Barbosa adiantaram ontem (25) e hoje (26), (confira aqui e aqui) o ex-vereador Fábio Riberio (PSD) poderá assumir a pré-candidatura do garotismo em Campos. Wladimir Garotinho (PSD), filho do líder do grupo, Anthony Garotinho (sem partido), sempre alegou que a concretização de seu nome dependeria de uma decisão do grupo. Não confirmava, mas também não negava que seria o candidato escolhido após as convenções partidárias (que deverão acontecer após 31 de agosto, data definida após o adiamento das eleições municipais deste ano, pela pandemia do coronavírus).
Fábio foi ao Rio de Janeiro ontem e se encontrou com Garotinho e Rosinha. Em suas redes sociais divulgou o encontro, com a frase: “Uma conversa sobre o futuro de Campos sim, mas sobretudo, sobre amizade, lealdade e paz!”. Wladimir não compareceu ao encontro.
Fábio falou ao blog nesta noite de domingo com exclusividade. Animado com o encontro de ontem, que disse ter sido uma oportunidade de “rever grandes amigos que não via há um tempo”, o ex-vereador repete o discurso de Wladimir e não confirma, mas também não nega a possibilidade de disputar em Novembro a majoritária. Fábio diz que o grupo “deixou a vaidade de lado” e que seria muito mais “confortável” ter Wladimir como candidato, mas que poderia ser “melhor para Campos” mantê-lo como Deputado Federal.
Confira a conversa do blog nesta noite, por ligação telefônica, com Fábio Ribeiro:
—Deixamos a vaidade de lado e estamos pensando em Campos. Campos precisa de paz. Precisa de pacificação política. Nossa realidade financeira, política, com uma arrecadação que só cai, e com a pandemia (do coronavírus), precisaremos muito de Brasília e do Estado. A gente (o grupo do garotismo) está conversando muito. Temos hoje um Deputado Federal de Campos eleito, que é o Wladimir, temos outro, mas exerce o mandato ocupando a cadeira deixada por um deputado que participa de um governo (do governador Wilson Witzel) que está prestes a implodir. Campos vai precisar dessa união. E precisa de um representante legítimo em Brasília.
Wladimir continua pré-candidato? Fábio diz que sim:
—Wladimir é o protagonista do grupo. Ele tem um sonho de ser prefeito de sua cidade, está preparado e vem se preparando ainda mais para isso. Ele ainda é o nosso pré-candidato, como presidente do PSD local posso te afirmar isso.
Fábio fala de seu encontro do Garotinho no Rio:
—Fui ao Rio rever grandes amigos e fui muito bem recebido, como sempre, pelo casal Garotinho. A gente vem construindo um projeto para Campos. E pensando se não seria melhor a cidade ter um representante legítimo em Brasília. Veja, seria muito mais confortável para nosso grupo manter o Wladimir como pré-candidato. Mas primeiro precisamos pensar no município. Existem outros nomes do grupo que podem ser uma alternativa, eu não sou o único.
Fábio ou Wladimir, ou outro do grupo de Garotinho, ou qualquer outro que pretenda governar Campos nos próximos anos, terá que responder ( ou pelo menos tentar) a pergunta feita no Blog Opiniões de Aluysio Abreu Barbosa: “Como governar uma cidade com R$ 1,6 bilhão de orçamento e R$ 1,1 bilhão comprometido com pagamento de servidor?”. Pergunta até agora sem reposta, mas com uma certeza: todos nós, campistas, pagaremos essa conta.
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    Edmundo Siqueira

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