Durante a ditadura militar, foi enorme a censura sob as produções culturais que contrariavam as doutrinas militares. Foi uma evidência dos anos de repressão desse regime. A repreensão atingiu o teatro, o cinema, a literatura, a imprensa e a música. O órgão responsável por ela, durante o regime, era a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), que sofreu muitas críticas. Para aprovar a letra de uma música, era necessário enviá-la ao DCDP, e, se ela não fosse liberada pelo órgão, a gravadora poderia abrir um recurso a ser julgado por censores, que ficavam em Brasília. Eles analisavam como eram tratados os bons costumes e a crítica política contra o regime militar.
No governo de João Baptista Figueiredo, foi criado o Conselho Superior de Censura (CSC), que tinha o intuito de reduzir as atuações dos censores. Era uma forma de diminuir a ação dessa recriminação para auxiliar na abertura política.
Mesmo após a criação desse órgão, o DCDP continuava a censurar cantores da MPB, como Raul Seixas e Chico Buarque. Com o fim do mandato do último presidente militar, era esperado que a censura acabasse. Entretanto, o Ministro da Justiça na época, o deputado Fernando Lyra, acabou com a CSC e manteve a DCDP. Em 1987, o novo ministro do órgão retomou o funcionamento do Conselho Superior de Censura. Assim, começou o processo para acabar com a censura. O seu fim ocorreu apenas com a nova Constituição, em 1988.
O órgão responsável pela censura dos meios de comunicação era o Contem, comandado pelo SNI e pelo Dops. Muitas vezes, matérias eram vetadas, e os jornais publicavam, no lugar, páginas em branco. Na cultura, o que mais foi censurada foi a Música Popular Brasileira, acusada pelos militares como uma ofensa à moral e aos bons costumes. Diversos compositores e cantores tiveram seus discos proibidos e suas músicas vetadas. Para passarem pela censura, os compositores escreviam-nas de modo a ter um duplo sentido, e os censores somente percebiam as críticas quando elas faziam sucesso. A censura não tinha nenhum critério e era imposta a qualquer coisa que pudesse ameaçar o regime.
Exílio — Durante a ditadura militar, diversos brasileiros tiveram que sair do país para fugir da repressão. Os principais exilados eram de classe média, o que não correspondeu a uma grande parte da população. Os primeiros exilados partiram para países da América Latina, como Chile e Uruguai. Quando passaram a verificar que o regime militar iria ficar por um longo período no poder, os exilados passaram a fugir para países europeus, como a França.
No exterior, eles ainda tentavam ajudar no combate à ditadura militar, divulgando o que estava acontecendo no país. Após a anistia, muitos brasileiros retornaram ao Brasil. O ex-presidente Juscelino Kubitschek foi condenado ao exílio e também foi proibido de ir a Brasília, cidade que ele construiu. Já o cantor Caetano Veloso foi acusado de subversivo, devido às letras de suas músicas, e acabou preso. Ele exilou-se na Inglaterra junto com Gilberto Gil.
Curiosidades
— Gilberto Gil fez a composição da música “Aquele Abraço” após ter sido preso em um camburão. Ele acreditava que seria morto.
— Muitos exilados, na época da ditadura, são pessoas bastante conhecidas. Entre eles: Dilma Rousseff, José Dirceu, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros.
— O Teatro Ruth Escobar foi invadido pelo Comando de Caça aos Comunistas (CCC). Os atores sofreram agressões, e o teatro foi destruído.
— Em 1969, os cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque de Holanda se voluntariaram a ir para o exílio.
— Em 1971, o filho de Zuzu Angel, que integrava o MR-8, foi morto no Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica. Sua mãe morreu tentando provar que ele havia sido assassinado pelos militares.