Não, não o amo todos os dias. Às vezes o desamo para nunca mais amar. Mas então se passam outros tantos dias e o amo novamente.
Porque de vez em quando você não merece. Sei que também não mereço ser amada por você em alguns momentos. Então olho seus pés e penso: como não amar alguém que tem pés que mexem comigo?
E se me abraça quando deitados e coloca a cabeça em meu peito? Não consigo e volto em todo não amar e apaixono mais uma vez e mais uma.
Também detesto quando me dá rasteiras com palavras. Sinto que caio no chão batendo a bunda com força. Sabe aquele choque que vem de baixo até o cérebro? Pois é, isso dói. Começa lá onde falei, vai até o lugar que pensa e retorna ao peito. E aperta, sufoca. Aí só tem um jeito: quase rastejo para pedir que tudo volte a ser como antes.
Porque tenho essa mania de querer ser feliz o tempo todo. Fico achando que sou infeliz e começo a sentir pena de mim, o que provoca uma baita raiva.
Olho para um lado, para o outro, e percebo que sou feliz para caramba!
É só carência.
Zango comigo. Brigo feio. Que história é essa? Porque quem se julga tão pobrezinha, está querendo competir com a infelicidade alheia. Competir não está com nada. Até porque sempre perdi. Olha a coitadinha de novo. “Essazinha” pensa que me domina. Qual nada! Busco aquele sorrisão que deixei com uns amigos na semana anterior e arreganho os dentes. Sabe que funciona? Quando sorrio os olhos apertam e se não tiver motivos dou risada da minha vontade de tentar rir.
Estou cansada de dizer que, para falar, sou fraca. Para sentir, não! Sinto tudo com tanta força que quase implodo.
Sou boa nesse negócio de sentir. Não sei se boa seria a palavra correta. Em diversas ocasiões entro em confusão porque vou sentindo raiva aqui, prazer ali, insegurança lá, carinho em excesso acolá. Pronto! Vira um emaranhado, pois todos esses sentires podem vir ao mesmo tempo. Nunca misturado, junto, ou melhor, pertinho um do outro. E se você ou outra pessoa estiver ao meu lado, ferrou! Não entenderá nada. E não adianta perguntar o que está acontecendo, porque nem eu possuo poder de entender.
Preciso esperar as horas passarem e desmembrando cada sentir, analisar cada reação..., desisto. Desisto e resolvo que é melhor ficar ótima porque dou um trabalho enorme. Venço a mim mesma pelo cansaço.
Ouvi dizer que não se pode fazer isso. É como esconder o lixo para debaixo do tapete. É certo que um dia aquela bagunça fica tão alta e visível, que o jeito é deixar transbordar. Por favor, saia de perto se isto acontecer, ok?
Se puder, mude de estado.
Estarei fazendo um barulhinho: tic tac tic tac tic tac, que vai aumentar e explodir. Procure reconhecer no início.
Depois que tudo acabar, catarei o que sobrar. E como uma criança dócil e doce, esperarei ser entendida. Terei um mundo de amor a oferecer. O riso mais iluminado estará em meu rosto e as palavras mais suaves sairão da minha boca. Aproveite. É esta a hora.
Bem, até a próxima, é claro.