Campos flexibiliza restrições e comércio volta a abrir nesta quarta
30/06/2020 23:43 - Atualizado em 24/07/2020 18:53
Genilson Pessanha
As medidas de restrição no enfrentamento ao novo coronavírus entram em uma nova etapa nesta quarta-feira (1). Conforme regras estabelecidas pelo programa “Campos daqui pra frente”, o município inicia uma nova fase, a amarela, o nível 3, onde estão liberadas atividades como comércios de rua, salões de beleza e estética, barbeiros, cabeleireiros e manicures, igrejas e templos religiosos e lojas de automóveis e concessionárias. As mudanças foram publicadas em Diário Oficial no último sábado (27), após pronunciamento, nas redes sociais, do prefeito Rafael Diniz (Cidadania) — que um dia antes anunciou ter testado positivo para Covid-19. Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (FCDL-RJ), Marcelo Mérida foi o entrevistado de ontem do Folha no Ar, da Folha FM 98,3, e disse ver com bons olhos a retomada do comércio e acredita que todas as medidas de prevenção serão tomadas. Caso o índice de infectados no município aumente, o prefeito não descarta retomar medidas mais rígidas:
— Graças às medidas que adotamos de combate à Covid-19, como a abertura de 199 leitos, pela primeira vez o número de pessoas recuperadas é maior que o de ativos. Com isso, de acordo com nosso modelo matemático/estatístico, na próxima quarta-feira, Campos entrará no Nível 3, fase amarela. Vamos liberar o comércio de rua, cultos nos templos e igrejas, salões de beleza, cabeleireiros e manicures. Mas precisamos continuar adotando as medidas de prevenção. Caso contrário, poderemos voltar ao nível de lockdown.
O retorno do comércio traz uma série de normas. Além de higienização dos estabelecimentos, estão listados o uso obrigatório de máscaras aos funcionários e clientes, a necessidade desses estabelecimentos possuírem dispenser de álcool em gel ou frasco de álcool, sempre a 70%, na entrada e saída dos locais. Está definido ainda, o atendimento a um cliente por vez a cada 15m² e funcionário a cada 15m². As igrejas e templos religiosos devem reabrir com 30% da capacidade e distância mínima de 2m entre as pessoas.
Preparação — Em uma loja de roupas no Calçadão do Boulevard Francisco de Paula Carneiro, no Centro, vendedoras organizavam mercadorias nas prateleiras e araras. Segundo a gerente comercial, Isabela Viana, de 36 anos, entre as estratégia para voltar a aquecer as vendas será oferta de promoção e investimento em marketing.
— Até então estamos prestando atendimento condicional, ou seja, os produtos são levados aos clientes. A partir de quarta-feira (hoje) vamos manter o contato com os clientes através de ligações e mensagens. As redes sociais são ferramentas que se mostram como grande aliadas nesse momento. Estamos com um estoque bastante variado e a nova coleção de inverno também tende a aquecer as vendas. Vamos reabrir a loja com muitas peças promocionais, descontos que chegam até 70%. O marketing da empresa estará se empenhando para trazer os clientes de volta — disse, ressaltando que investimentos foram feitos com compra de termômetro e álcool em gel para atender as regras de higienização.
Já em outra loja, que comercializa peças de bijuterias na rua Barão do Amazonas, a comerciante Bianca Soares, de 34 anos, falou sobre o receio de voltar abrir o estabelecimento e surgir novo decreto determinando o fechamento do comércio. “Entendemos que o momento é difícil, o mais importante é a saúde, mas está difícil sobreviver nessas condições. São custos com aluguel, funcionários, energia, entre outros, que não damos conta de honrar se não vendermos. Temos outra loja, no shopping da Pelinca e até que não seja permitida a reabertura vamos apostar nessa do Centro, mas a ideia é fechá-la quando passarmos toda mercadoria pra lá”, lamentou.
Reabertura comemorada pelo presidente da FCDL
“Vejo com muita alegria, com muita responsabilidade, a retomada do comércio em Campos. Outros exemplos que tivemos no Estado do Rio de Janeiro foram exitosos, foram vitoriosos. O comércio fazendo seu dever de casa, tomando todos os cuidados, não será o responsável por qualquer avanço que possa haver (da Covid-19)”. A afirmação é do presidente da FCDL, Marcelo Mérida, na entrevista de ontem ao Folha no Ar. Também presidente do diretório municipal do PSC, partido do governador Wilson Witzel, Mérida, que é pré-candidato a prefeito de Campos, afirmou que sempre teceu críticas aos atrasos do hospital de campanha e, portanto, não se sentiu desconfortável sobre protestar, colando cartazes nas lojas do município cobrando ao prefeito Rafael Diniz a retomada das atividades comerciais.
Uma preocupação do empresário, que a todo momento ressaltou a vida como prioridade, é que o comércio, depois desse período fechado, com exceção dos essenciais, passe por outras instabilidades. “Não tenho dúvidas que todos se preocuparam em dar o melhor ambiente para que o consumidor possa exercer seu direito de compra com segurança. No Estado do Rio de Janeiro algumas cidades já estão com um processo muito mais avançado. A gente espera, torce, vai trabalhar e fazer a nossa parte para que isso não seja um movimento ioiô, mas que a gente possa estar dando um oxigênio que o setor produtivo precisa para continuar, além de minimizar ou mitigar os impactos desse período em que estivemos fechados”, disse.
Marcelo ainda observou que o agravamento da crise econômica com a pandemia do coronavírus é um fato inquestionável, mas que o país já vinha em recessão há algum tempo. Uma grande preocupação é com relação ao desemprego e ao número de empresas que possam vir a fechar. “Temos números que nos assustam muito, principalmente quando a gente fala da geração de empregos. Dados primário já colocam que 30% do comércio varejista, em seus diversos setores, e alguns serviços não retornam”, falou Mérida, acrescentando que o percentual de lojas e serviços que não retornam no município de Campos deve gerar na mesma faixa.
Ainda de acordo com o presidente da Federação das CDLs, nos municípios que já liberaram o funcionamento do comércio, a circulação do volume de recursos gira na ordem de 60% a 70% do que seria o normal para este período. Mérida observa, também, que a situação pode até se agravar ainda mais, com o fim do auxílio emergencial e outras medidas do governo federal para mitigar os impactos econômicos da pandemia junto aos trabalhadores.
Plano de retomada está dividido em cinco níveis
Até terça-feira (30), Campos estava na fase de isolamento classificada pela cor laranja, o nível 4, que é a segunda com mais restrições para funcionamento do comércio não essencial. Com isso, além de supermercados, farmácias e outras atividades consideradas essenciais, foram autorizados o funcionamento do delivery após às 23h, de lojas de informática e comunicação (em formato take away), clínicas médicas que ofereçam consultas eletivas, escritórios de advocacia, contabilidade, agências de seguro e de planos de saúde, além das atividades físicas individuais.
O plano de flexibilização das atividades econômicas no município, o “Campos daqui pra frente” é dividido em cinco fases que vai desde o lockdown total (nível 5, identificado pela cor vermelha), até o nível 1, representado pela cor branca, e que é de atenção moderada. Com base em estudos que levam em consideração a capacidade clínica de atendimento e taxa de infecção por coronavírus, as medidas serão reavaliadas semanalmente.
A Prefeitura já começou um processo de testagem em massa, com 30 mil testes, inicialmente. Na última semana, a testagem para comerciários foi liberada. Além disso, foram direcionados 154 leitos da rede municipal exclusivamente para o enfrentamento a pandemia (sendo 56 leitos de UTI, 94 leitos clínicos, 3 leitos de UPG e um de estabilização). Já são 72 leitos de UTI e 123 leitos clínicos, totalizando 199 leitos voltados, exclusivamente, para atendimento a pacientes com Covid-19.

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