Matheus Berriel
30/06/2020 17:45 - Atualizado em 24/07/2020 18:28
Dois objetos relacionados a importantes casarões tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) passaram a integrar, na última sexta-feira (30), o acervo do Museu Histórico de Campos. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Campos (IHGC), o historiador João Pimentel mediou a doação do letreiro que identificava a Fazenda Ayrizes, onde está situado o Solar dos Airizes, na BR-356, e de um pêndulo de luminária do Asilo Nossa Senhora do Carmo, que funciona no antigo Solar do Barão de Carapebus, no Parque Turfe Clube.
De acordo com a diretora do Museu Histórico, Graziela Escocard, o recebimento dos itens aconteceu dentro da campanha “Doação de acervos ao Museu Histórico de Campos dos Goytacazes”, aberta em 2019.
— O João Pimentel é um grande colaborador, sempre presenteia o nosso museu com artefatos históricos da nossa cidade. O intuito da ação é de captar documentos, fotografias, coleções e mobiliário que representem a história de Campos; objetos que buscam contextualizar a memória histórica. Eles podem ser de personagens diversos, lugares e acontecimentos históricos que marcam a trajetória de formação do município — explicou Graziela. — Desta forma, o Museu Histórico de Campos pretende obter novos vestígios do passado, como fontes para pesquisas acerca da história regional.
O letreiro da Fazenda Ayrizes foi conseguido por João Pimentel após visita ao Solar dos Airizes, no último dia 18, acompanhado por membros do Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Campos (Coppam), avaliando as condições do prédio, que no início do mês perdeu uma de suas janelas e parte da estrutura da parede da frente. Segundo Pimentel, a doação da placa foi feita por um dos donos do imóvel, Nelson Lamego. Já o pêndulo de luminária do antigo Solar do Barão de Carapebus estava com o historiador desde o ano passado, obtido durante as obras emergenciais do prédio.
— Como sou membro do IHGC, fico antenado às coisas, principalmente quando se trata de prédios históricos na cidade. Costumo participar, fotografar, fazer o que posso, sempre tentando resgatar alguma coisa para levar ao museu. Já fiz doações de algumas peças. Quando aconteceram as obras emergenciais para contenção do Asilo do Carmo, fui lá, fiz amizade com o Carlos Nunes, que é o restaurador, e, através dessa amizade, procurei saber das obras. Antes da parte da luminária, ele já tinha me cedido uma telha original, que já está no museu, da construção do prédio. Também cedeu uma peça metálica que fica no telhado e sustenta a madeira, uma peça original. E ainda um tijolo diferente, com uma parte arredondada — contou Pimentel.
A doação é a modalidade mais comum de colaboração quando se trata de acervos pessoais e instituições. O doador cede ao museu os objetos considerados partes de acervos através de um termo de doação padrão. Outra possibilidade é o termo de comodato, ficando estabelecidos os critérios de cessão, uso, reprodução e prazos de guarda. Ambas as modalidades dão ao colaborador o direito de receber um certificado.
— É fundamental que os objetos encaminhados para doação contenham identificação de pessoas, lugares e histórias, pois facilita o trabalho de pesquisa. Todos os itens recebidos passarão por um processo de estudo, avaliação e seleção da equipe técnica da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, com apoio de entidades da sociedade civil organizada, como o Instituto Histórico e Geográfico de Campos, e do voluntariado para sua validação — explicou Graziela Escocard.
Interessados em doar acervos ou peças individuais podem entrar em contato com a equipe do Museu Histórico pelo telefone (22) 98175-0616 — com WhatsApp — ou pelo e-mail [email protected].
Aniversário — Na última segunda-feira (29), o Museu Histórico de Campos completou oito anos de existência. A data foi lembrada com a live “Patrimônio em risco”, no Facebook, um bate-papo de Graziela Escocard com o especialista em patrimônio histórico cultural Manuel Vieira, ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio de Janeiro.
— Acho que é uma data muito importante para poder comemorar um dos espaços culturais mais importantes da cidade. O Museu Histórico de Campos foi objeto de uma restauração há cerca de 10 anos e conseguiu, de fato, recuperar as partes que estavam prejudicadas do prédio, devolveu para os cidadãos de Campos um prédio 100% preservado, que abriga a memória de uma cidade muito importante, por algumas vezes quase chegou a capital do estado; uma potência econômica, continua sendo. Desejo vida longa ao Museu Histórico de Campos, que continue sendo esse espaço importante de memória da cidade — afirmou Manuel Vieira, referindo-se ao Solar Visconde de Araruama, onde o museu funciona, à praça do Santíssimo Salvador.
Com programação virtual durante a pandemia da Covid-19, o museu já tem outras duas lives marcadas sobre patrimônio histórico. No próximo domingo (05), o convidado será o diretor -geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Cláudio Prado. Já no dia 13, com o responsável pelo escritório do Iphan na Região dos Lagos fluminense, Felipe Borel, ambos às 17h.