Foz do Paraíba do Sul volta a fechar em Atafona
Arnado Neto e Aluysio Abreu Barbosa 29/05/2020 20:14 - Atualizado em 03/06/2020 19:02
Imagem aérea do sábado (23) mostra o novo fechamento da foz do Paraíba do Sul, entre o Pontal de Atafona e a ilha da Convivência
Imagem aérea do sábado (23) mostra o novo fechamento da foz do Paraíba do Sul, entre o Pontal de Atafona e a ilha da Convivência / Marco Antonio Ribeiro da Silva, o Careca
A luta não é do rochedo com o mar na, talvez, mais conhecida praia da planície goitacá. Em Atafona, há décadas, é o combalido Paraíba do Sul e oceano Atlântico que se digladiam, redesenhando a costa no litoral de São João da Barra. Só que, desde o ano passado, o acumulo de sedimentos tem impactado diretamente na vida dos pescadores, com o fechamento da boca da barra, que reabriu, pela força da natureza, e novamente por ela — devido a intervenções humanas em todo curso do rio — voltou a fechar. Prometido desde o gestão passada da Prefeitura de SJB, a dragagem no canal de navegação até hoje não aconteceu.
A foz fechou em outubro do ano passado, em um processo que já se desenhava há anos, devido a intervenções humanas no rio. A reabertura aconteceu em março, pela força da natureza, devido às chuvas intensas do início do ano. Agora, desde a última semana, apenas um fio d’água separa o que restou do Pontal de Atafona da Ilha da Convivência, território de São Francisco de Itabapoana. “Nossa sorte é que a barra do Peçanha (outra ilha, ao lado da Convivência) está aberta. Do contrário, seria impossível sair com barcos maiores, como o que pesco, para o mar. Ficaríamos presos aqui”, afirmou o pescador Jhonatan Ribeiro, de 29 anos.
Contestada, a Prefeitura de SJB informou, após o fechamento da edição impressa da Folha da Manhã, que a barra “foi aberta de forma natural pela própria força do Rio, devido aos altos níveis pluviométricos e ao volume de água, decorrente da liberação das barragens em São Paulo e Minas Gerais, que aumentaram sua carga hídrica. Com a redução do volume hídrico do Rio, a barra da Foz voltou a fechar, mostrando uma nova dinâmica natural, que deverá ser verificada e estudada para implantação de qualquer projeto a ser aplicado na área, com o objetivo de verificar a aplicabilidade e eficiência, incluindo a desobstrução do canal de navegabilidade”.
Já o eco historiador Arthur Soffiati analisou as causas e possíveis soluções para o fenômeno:
— A reabertura vai precisar de volume de água, vazão. Isso se consegue primeiro reflorestando, um trabalho muito lento, assim como foi lento o trabalho até chegar a essa situação. Não digo reflorestar 100%, mas pelo menos as margens. Não cabe mais nenhuma barragem no Paraíba e, se possível, deviam tirar algumas. O fechamento da foz do Paraíba, no entanto, não é um processo natural porque, por mais que o rio oferecesse problemas para saída e entrada, a foz sempre esteve aberta.

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