Em ofício encaminhado ao governador Wilson Witzel, com data de quarta-feira (20), o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) solicitou habilitação, em caráter de urgência, dos leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas unidades hospitalares de Campos. A medida passaria a valer até que o Hospital de Campanha se encontre em pleno funcionamento — a nova data prevista para entrega é 12 de junho — e a taxa de ocupação dos leitos da cidade esteja abaixo de 70%. Também foi enviado ao governador um ofício do prefeito Rafael Diniz (Cidadania), com data de quinta (21), pedindo "informações precisas" sobre o Hospital de Campanha.

Pela quarta vez, o estado adiou a inauguração do Hospital de Campanha em Campos, que tem projeto de implementação feito pelo Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas). A unidade contará com 100 leitos, sendo 60 de terapia semi-intensiva e 40 de UTI. A Prefeitura de Campos destinou apenas 19 leitos de UTI para atender pacientes acometidos pelo novo coronavírus, no Centro de Combate ao Coronavírus (CCC), e a taxa de ocupação chegou a 100% no final da semana passada, motivando o governo municipal a decretar o lockdown.

— A necessidade de ter mais leitos é urgente para que sejam salvas as vidas daqueles acometidos pelos casos mais grave da Covid-19, e o hospital de campanha se encontra com estrutura montada e com pessoal contratado, mas a inauguração foi adiada por três vezes, sendo que a nova data prevista para funcionamento foi agendada para 12 de junho. No entanto, não é possível esperar até tal data com o risco de que os nossos cidadãos venham a óbito por falta de leitos — afirmou Wladimir Garotinho.

No mesmo ofício, o parlamentar solicitou audiência por videoconferência com o governador, juntamente com autoridades e representantes da sociedade civil organizadas de Campos, a fim de debater o atual cenário da região e as medidas adotadas pelo estado.

Rafael Diniz, por sua vez, citou uma entrevista do secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, a uma emissora de televisão, em que afirmou que se o número de casos continuar diminuindo gradativamente, haveria desistência na construção dos hospitais de campanha, com o valor sendo devolvido ao erário. Rafael informou que a entrevista "muito nos preocupa, pois precisamos, essencialmente, da ampliação de leitos estaduais para atendimento à pandemia da Covid-19, uma vez que Campos, como município referência regional em saúde, atende à demanda de toda região norte, e os leitos regulados pelo Estado, aqui existentes, não são suficientes para este abrupto aumento oriundo da pandemia".

Complementa o prefeito no ofício o prefeito de Campos: "Ainda diante da referida entrevista do novo secretário, o que nos pegou de surpresa e nos deixou em absoluto estado de consternação, usamos do presente para solicitar informações expressas e precisas sobre o Hospital e, em especial, sobre o que falou o secretário, pois como já explicado, Campos atende todos os municípios circunvizinhos, além do fato de que os municípios do interior estão atrás, em vários dias (7 a 10) da capital em relação ao pico da pandemia, isto é, a desaceleração dos casos para o interior ainda vai demorar, salientando que até o presente momento, as únicas informações sobre o referido assunto são sempre pela mídia e sempre sobre adiamento do início da operação. Muito importante enaltecer que a rede pública de saúde da região já é, naturalmente, sobrecarregada, razão pela qual necessitamos que o Estado amplie a oferta de leitos em nossa cidade, sob pena de não termos condições de receber a demanda do demais municípios da região".