Ícaro Abreu Barbosa
13/05/2020 14:12 - Atualizado em 22/05/2020 20:09
Desde a última segunda-feira, motoboys se organizam em manifestações para chamar a atenção para os problemas de segurança enfrentados pela classe durante este período de pandemia. Roubos, furtos e ameaças fizeram com que reivindicações para maior policiamento e intensificação de abordagens fossem levadas diretamente ao comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Luiz Henrique Barbosa.
Aproveitando o período de menor movimento no tráfego e policiamento nas vias públicas, criminosos estão roubando os profissionais responsáveis por entregas de restaurantes e outros comércios operando no sistema de delivery. As abordagens, segundo os motoboys, são variadas. “Eles (bandidos) estão nos abordando e roubando nossas motos, quando não furtam dos pontos onde as estacionamos, e também fazendo pedidos, e, quando chegamos para entregar, são roubados junto ao dinheiro que o profissional está carregando”, contou Jeferson Silva, vice-presidente da associação dos motoboys, conhecido no meio profissional como ‘Gaguinho’.
Jeferson comentou que ao longo da última semana pelo menos nove motos foram roubadas e informou que já pararam de contabilizar os roubos aos pedidos. Os crimes têm acontecido por toda a cidade, entre 20h e 23h, segundo Jeferson. Os pontos mais frequentes são as avenidas Arthur Bernardes, Alberto Torres e Alberto Lamego, e bairros como Parque Santo Amaro e Jóquei Clube também se destacam nesse tipo de ocorrência, de acordo com Jeferson, que trabalha no ramo há 12 anos.
Uma reunião entre membros do sindicato e o comandante da Polícia Militar ocorrerá nesta quinta-feira (14), às 9h, na sede do 8º BPM. “Nós já fizemos o primeiro contato e abrimos um canal de comunicação direto com os motoboys, via grupo de WhatsApp, para alinhar os protocolos e para que possamos entender a dinâmica dos crimes praticados contra eles. Dessa forma, poderemos agir com mais eficiência. Já criamos, também, ordem de policiamento nos locais que eles indicaram existir maior incidência dos crimes, verificamos nossa análise criminal e estamos modificando o planejamento, que é dinâmico, para dar uma resposta às práticas delituosas. Estamos buscando estreitar nosso relacionamento com os motoboys”, afirmou o tenente-coronel Luís Henrique Barbosa.
Outro problema enfrentado pelos motoboys é a dificuldade para a realização dos Boletins de Ocorrência nas delegacias da Polícia Civil. Das nove motos roubadas na semana passada, apenas três tiveram seu roubo registrado, de acordo com Jeferson Silva.
— As delegacias não estão fazendo registros de casos que não são urgentes, não são flagrantes de delitos, não são mortes, não são remoção de cadáver. A cifra negra da criminalidade está enorme durante este período (isolamento social), pois as pessoas não têm como registrar — informou o delegado Bruno Cleuder, titular da 134ª Delegacia de Polícia (Centro).