Está difícil acordar, durante esse sofrido período de quarentena, e já cedo engolir, no café da manhã, os números amargos referentes ao Sars-Cov-2, enquanto o governo federal se esforça para distrair a população “isolada”, encenando novelas políticas sem sentido, na contramão da grave crise sanitária que cresce diariamente no Brasil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou, na quarta-feira (13/05), que ainda há um “longo caminho” até o fim da pandemia da Covid-19. O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, afirmou que “é muito difícil prever quando vamos prevalecer sobre o vírus. E pode ser que nunca aconteça. Pode ser que nunca desapareça, que se torne endêmico, como outros vírus. O HIV não desapareceu”.
Na mesma quarta-feira, a OMS divulgou também seu relatório anual sobre a saúde no mundo, destacando que o mundo está vivendo mais e de forma mais saudável e que a pandemia ameaça o cumprimento dos objetivos de saúde estabelecidos. O relatório revela que houve o aumento da expectativa de vida no mundo, ainda que de forma desigual. Os maiores ganhos foram em países de baixa renda, onde a expectativa de vida aumentou 11 anos entre 2000 e 2016. Nos países de alta renda, esse aumento foi de três anos.
O isolamento social, nesse momento, é o único remédio de que dispomos para evitar a contaminação em massa, reduzir o número de óbitos e impedir o colapso do sistema de saúde pública. A luta pela vida é defendida em todos os países. Temos consciência de que a economia também enfrenta problemas, e em decorrência disso enfrentaremos um grave período de recessão. Mas não há outra escolha a ser feita. Não existe a possibilidade de escolhermos isso e aquilo. A vida humana é a prioridade de todas as nações, de todos os governos.
No território brasileiro, contudo, há um embate diário da Presidência da República em relação às determinações feitas pelas autoridades sanitárias e que são seguidas à risca por governadores e prefeitos, trabalhando em total harmonia pela saúde da população. Além do desgaste emocional, decorrente do confinamento, do medo de contrair a doença, da ansiedade com relação ao fim da pandemia e das dificuldades em fazer planos para o futuro, torna-se extremamente cansativo e estressante conviver com o negacionismo constante do presidente da República, frente a uma crise sanitária mundial de números expressivos, que totaliza quase 300 mil óbitos em todo o planeta e que já contaminou mais de 1,2 milhão de pessoas, oficialmente, até o fechamento deste texto. A doença foi declarada uma “emergência de saúde internacional”, o nível mais alto de alerta da OMS, portanto a prioridade é salvar vidas. E ponto.
O atual momento vai ficar marcado em nossas vidas e estará escrito nas páginas da História. O isolamento social pode se apresentar como uma chance para nos desenvolvermos interiormente. Agora temos todo o tempo do mundo para nós mesmos, para redimensionarmos nossos sentimentos, nosso comportamento e buscarmos o equilíbrio emocional. Sairemos dessa crise mais fortes. E sobreviveremos para um novo tempo.