Beth Landim: O Deus do impossível e o dom da paciência!
Beth Landim 05/05/2020 16:49 - Atualizado em 08/05/2020 21:21
Após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido se agarrar à parte dos destroços para poder ficar boiando.
Este único sobrevivente foi parar em uma pequena ilha desabitada, fora de qualquer rota de navegação, e ele agradeceu novamente. Com muita dificuldade e restos dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse se proteger do sol, da chuva, de animais, e também para guardar seus poucos pertences. Como sempre, ele agradeceu.
Nos dias seguintes, a cada alimento que conseguia caçar ou colher, ele agradecia.
No entanto, um dia, quando voltava da busca por alimentos, encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça. Terrivelmente desesperado, ele se revoltou. Gritava chorando: “O pior aconteceu, perdi tudo! Deus, por que fizeste isso comigo?”.
Chorou tanto que adormeceu, profundamente cansado.
No dia seguinte, bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava.
— Viemos resgatá-lo — disseram.
— Como souberam que eu estava aqui ? — perguntou ele.
— Nós vimos o seu sinal de fumaça.”
É comum sentirmos-nos desencorajados e até mesmo desesperados quando as coisas vão mal.
Mas, Deus age em nosso benefício mesmo nos momentos de dor e sofrimento. Lembre-se: se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça que fará chegar até você a presença de Deus. Esta história nos faz acreditar que Deus é misericordioso e provê, no tempo certo, a solução para nossas questões e os problemas. Portanto, diante de uma situação que pareça insuportável e que não podemos enxergar o caminho a tomar, é preciso desenvolver a paciência. A paciência fará com que a dificuldade desapareça, pois os problemas são nuvens que em algum momento se desfazem.
As mudanças chegam. Novas situações aparecem, e o quadro se modifica. Com paciência, os pensamentos, as emoções ganham tempo para se ajustar, gerando soluções. A paciência é a virtude dos homens de fé e é o freio dos problemas. A paciência é um talento para resistir e vencer. Aquele que sabem fazer uso da paciência sabem também fazer uso da razão. Estão mais próximos de alcançar a vitória os que melhor utilizam a paciência do que a audácia. A paciência deve ser cultivada com arte e inteligência. Graças a ela, adquirimos capacidade de compreensão, de tolerância e sabedoria para viver bem conosco e com os outros! Através da paciência, vamos alcançando tudo. A paciência traz frutos como o contentamento, coração sereno, confiança e tranquilidade da mente.
Se aprendermos a ter paciência, saberemos como comer, como pensar, como trabalhar, como estar sozinho, como fazer amizades, como viver uma vida verdadeira. Sem paciência, dissipamos nossa energia e ficamos irritados e cansados.
Com este auto-aperfeiçoamento, vamos purificando camadas e camadas de nossa mente, descobrindo como podemos ser mais felizes, superando nossas dificuldades e eliminando nossos medos e limitações. É importante entender este paradoxo: viva com responsabilidade e leveza de espírito. Sem stress, sem cobranças, sem tantas expectativas, sem a seriedade que é bem peculiar do ego.
Viva aceitando, verdadeiramente, o momento presente que já é sua colheita. Não adianta se revoltar, ficar com raiva. Você tem o que precisa e merece. Nada acontece por acaso. A vida é como tem que ser.
Você é mais feliz quando tem aceitação de si mesmo, aceita os acontecimentos e aprende com eles, extraindo lições. A chave para ser mais feliz e saborear a vida é aceitar os outros como são, e não tentar mudar a ninguém a não ser a você mesmo. Se mudarmos a nós mesmos, poderemos experimentar harmonia e paz, mas se esperarmos que o mundo ou que os outros mudem, com certeza, teremos que esperar em vão por muitos séculos.
Isto me lembra o ensinamento de um grande santo. Ele costumava rezar pedindo a Deus energia para modificar o mundo. Muitos anos se passaram e, quando ele chegou à meia-idade, percebeu que não tinha mais força suficiente para mudar o mundo. Assim, ele pediu a Deus energia suficiente para mudar os parentes. Mais anos se passaram e ele ficou idoso. Então, como ele percebeu que não dispunha de força para mudar os parentes, pois eram mais fortes que ele, começou a rezar: “Ó Senhor, dê-me força suficiente para que eu possa mudar a mim mesmo”. E só assim ele ficou satisfeito e em paz. Deste modo, este santo nos alerta para pedirmos, desde o começo, energia e coragem para mudarmos a nós mesmos.
Isto porque, segundo Theilhard de Chardin, “não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual, somos seres espirituais passando por uma experiência humana!”.
Ressalto, ainda, a nossa importância enquanto trabalhadores, que olham nos olhos dos que estão ao nosso redor, que buscam a construção de um mundo melhor e mais humano. Desejo que o nosso olhar, nesse dia do trabalho, possa efetivamente expressar a nossa busca interior incessante por fazermos parte de uma humanidade verdadeiramente vibrante e cheia de energias de amor. Pense nisso e tenha uma semana plena de harmonia!

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