A Prefeitura confirmou, ontem, dois casos do novo coronavírus em profissionais da Saúde em Campos, chegando a um total de três no município. A cidade também soma 12 suspeitos, sendo dois de pacientes em estado grave. As autoridades no assunto dizem que é uma questão de tempo para que o número continue aumentando no Brasil e a região não está imune a isso. A constatação reforça ainda mais os apelos do Ministério da Saúde para a manutenção do distanciamento social como única forma para tentar diminuir esta curva crescente. Para isso, informação é uma das armas mais eficazes para espalhar as recomendações e salvar vidas. 

No entanto, a Comunicação do prefeito Rafael Diniz (Cidadania) parece não ter aprendido a lição nesses últimos quase três anos e meio de governo. Aliás, a Comunicação que tem sido um calcanhar de Aquiles de Rafael, apesar de bons jornalistas que possui. E ontem deu mais um péssimo exemplo. Normalmente, os boletins de atualização sobre coronavírus no município são divulgados às 18h. Porém, justamente ontem, quando dois novos casos foram confirmados, as essenciais informações foram atrasadas em mais de duas horas por um capricho marqueteiro para que o prefeito gravasse um vídeo sobre o assunto depois das 20h. 

Alguém que está no posto de líder precisa, sim, chamar a responsabilidade em momentos de crise, como Rafael não se furta de fazer. Porém, é necessário ter bom senso e é fundamental ter ao seu lado bons conselheiros. Essa centralização na liberação de informações, na ânsia de explorá-la publicitariamente, é um gigante erro de comunicação e é contra os princípios do jornalismo sério. Ainda mais em tempos de pandemia, onde até mesmo quem deveria dar o exemplo faz o contrário, a divulgação veloz e precisa das informações é obrigação do poder público em qualquer esfera. 

A Folha da Manhã tem monitorado com cada município do Norte e Noroeste as notificações de mortes, casos confirmados e suspeitos de Covid-19. São eles que informam à secretaria estadual, que, por sua vez, consolidam os números com o Ministério da Saúde. O próprio ministro Luiz Henrique Mandetta alertou para a natural subnotificações da doença por causa da falta testes no país. No entanto, outros dados vindos de Campos também chamam a atenção. Mesmo sendo o maior município do interior do estado, com 500 mil habitantes, e rota para importantes capitais, a Prefeitura contabiliza apenas 12 casos suspeitos.

O número de casos suspeitos em Campos é 95,1% menos do que em Macaé, que possui aproximadamente 200 mil habitantes e contabiliza 245 casos suspeitos, e 89,4% inferior ao registrado em Itaperuna, que soma 100 mil habitantes e 112 casos suspeitos, com um confirmado ontem. Em todo o Norte e Noroeste Fluminense, as notificações campistas são comparáveis apenas com Bom Jesus do Itabapoana, que tem 11 suspeitos para uma população de cerca de 30 mil habitantes. Vale lembrar que para estes registros não são necessárias as atualizações de testes rápidos e nem laboratoriais.

Outra lição vem da Região dos Lagos. No dia 24, em uma atitude irresponsável, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão indo de encontro as medidas recomendadas pelo seu ministro da Saúde e pedindo o fim do isolamento social imposto por governadores e prefeito, além da volta da atividade comercial. No dia 30, a Prefeitura de Arraial do Cabo queria suspender os decretos de restrição, sob alegação de que fazia barreiras nas entradas do município (ideia que não foi adiante). Porém, a cidade contabilizou, na quinta, o primeiro caso e a primeira morte pela doença. Que sirva de alerta.

O tabuleiro político de São João da Barra está movimentado, ao menos nos bastidores, nestas últimas horas para filiação partidária dos pretensos candidatos no pleito que, por ora, está mantido para 4 de outubro. De um lado tem o grupo da prefeita Carla Machado (PP) e do outro os de quatro pré-candidatos a prefeito: Emilson Amaral; Márcio Nogueira; Otávio Carvalho e Renê Fernandes Azeredo. A expectativa é que no apoio a esses nomes saiam, no mínimo, cinco frentes partidárias com candidatos a vereadores. Vale lembrar que a eleição deste ano é a primeira que não permite coligações na disputa proporcional.