O presidente Jair Bolsonaro decidiu manter, por ora, o delegado Maurício Valeixo na diretoria-geral da Polícia Federal (PF). A nova tentativa do presidente de trocar o comando da PF levou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a dar um ultimato em Bolsonaro. Nesta quinta (23), Moro havia dito que deixaria o cargo caso o presidente Jair Bolsonaro escolhesse um novo nome para comandar a Polícia Federal.
Moro deixou claro que se demitiria na hipótese de exoneração de Valeixo. O delegado é o braço-direito do ministro na PF, órgão vinculado à pasta da Justiça.
Segundo o blog do Fausto Macedo, no Estadão, o ministro não aceita que essa troca venha de “cima para baixo”, e defende o direito de fazer a escolha. Já o Valor Econômico informa que a gota d’água para Moro foi uma reunião ocorrida nesta quarta-feira (22) entre Bolsonaro e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). O tema do encontro foi a troca de Valeixo pelo atual secretário de Segurança Pública do DF, delegado Anderson Gustavo Torres. Moro não gostou de sequer ser consultado.
Ministros palacianos, de acordo com o Valor Econômico, conseguiram convencer o presidente a manter Valeixo na função. Ao menos três generais ligaram para Moro, que também recebeu diversas mensagens de WhatsApp de parlamentares bolsonaristas. Todos pediram para que o ministro fique no cargo. O entendimento agora é que Valeixo deve deixar o posto nos próximos meses. Mas Moro quer ter poder na escolha.
O ministro teme que um delegado de perfil político, e não técnico, assuma o comando da PF e dê prosseguimento ao esvaziamento de estruturas de controle e combate à corrupção iniciadas no governo Bolsonaro e que até então tinham sido robustecidas em decorrência de resultados obtidos com a Operação Lava-Jato.