O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta segunda-feira (6), em entrevista coletiva no ministério, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro e ministros no Palácio do Planalto, que permanecerá no cargo. Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão já havia declarado, em entrevista ao blog da Andréia Sadi, que o ministro "segue no combate". De acordo com o Blog do Camarotti, Bolsonaro havia decidido demitir o ministro, mas voltou atrás depois da reação de ministros do governo, dos presidentes de Senado e Câmara e de parlamentares.
O motivo que levou o presidente Jair Bolsonaro a cogitar a demissão de Mandetta foram as divergências públicas de ambos a respeito das estratégias para conter a velocidade do contágio pelo novo coronavírus. O presidente defende o que chama de "isolamento vertical", ou seja, isolar somente idosos e pessoas com doenças graves, que estão no grupo de risco, a fim de não paralisar a economia. O ministro é a favor do isolamento amplo, adotado por governadores, pelo qual a recomendação é que as pessoas se mantenham em casa.
Segundo Mandetta, a reunião no Planalto serviu para demonstrar que agora o governo 'se reposiciona' em relação ao enfrentamento a novo coronavírus.
"A reunião foi muito produtiva. Foi uma reunião muito boa, acho que o governo se reposiciona de ter mais união, foco. Todos unidos em direção ao problema", declarou.
O ministro chegou a afirmar que ele e auxiliares já estavam "limpando as gavetas".
"Tinha gente aqui dentro limpando gaveta, pegando as coisas. Minhas gavetas, vocês ajudaram a fazer a limpeza das minhas gavetas. Nós vamos continuar porque, continuando, a gente vai enfrentar o nosso inimigo. O nosso inimigo tem nome e sobrenome: é o Covid-19", afirmou. E voltou a repetir: "Médico não abandona paciente. Eu não vou abandonar", declarou o ministro.
Na entrevista coletiva, Mandetta também afirmou que não tem receio de crítica, mas que as críticas devem ser "construtivas", sem tentativa de criar "dificuldade no ambiente de trabalho".
"Trabalhamos o tempo todo com transparência nos números, nas discussões e nas tomadas de decisão. Não temos receio de crítica. A crítica construtiva enobrece e nos faz rever e dar um passo à frente. Gostamos da crítica construtiva. O que temos diferente é quando, em determinadas situações ou determinadas impressões, as críticas não vêm no sentido de construir, mas para trazer dificuldade no ambiente de trabalho", afirmou.
Mandetta também disse esperar ter "paz" para continuar à frente do ministério. "Infelizmente, começamos com mais um solavanco a semana de trabalho. Esperamos que a gente possa ter paz para poder conduzir", declarou.
Sem citar casos específicos, Mandetta disse ainda que a orientação no Ministério da Saúde é ter "foco", independentemente de "barulhos" que surjam no momento.
"Esses barulhos que vêm ao lado: 'Fulano falou isso, Beltrano falou aquilo'. Esquece isso. Isso está do lado. Apesar dos pesares, foco aqui. Foi o que disse para eles", afirmou.
Em outro momento, destacou o papel da imprensa na cobertura e disse que todos estão dando "dose de sacrifício".
"Agradeço à imprensa que cobra o Ministério da Saúde. Sabemos do momento que está passando o país. Sabemos da importância de permanecer, ajudar. Está todo mundo fazendo sua dose de sacrifício. Nós também daremos nosso sacrifício, nosso quinhão a mais de colaboração, até quando formos importantes, nominados ou até quando o presidente queira", afirmou.