Cumprir o isolamento social preventivo ao contágio do novo coronavírus não é sinônimo de deixar de se exercitar. Com academias fechadas e a recomendação de ir à rua apenas em caso de grande necessidade, diversos moradores de Campos têm realizado atividades físicas dentro ou na área externa de suas residências. Casados, Luciano Machado Rangel e Dilma Gomes Pimentel Machado, ambos de 50 anos, aproveitam parte do tempo de quarentena no Farol de São Thomé fazendo as atividades passadas por WhatsApp pelo professor de educação física Elimar Albuquerque.

— Os treinos em casa têm sido ótimo. Fazem bem para o corpo e para a mente, principalmente neste momento delicado que todos estamos passando. Na verdade, tem sido uma distração para mim, pois dou muitas risadas. E quando faço aquele exercício mais difícil, eu penso: “vou pegar Elimar” — brinca Dilma.

— Acho que todos deveriam fazer algum tipo de exercício em casa. Inclusive, ligo para minha sogra para que ela faça os alongamentos dela todos os dias — conta.

O professor e atleta Elimar Albuquerque alerta para as particularidades de cada planilha de treino.

— Quando pensamos em atividade física, temos que lembrar de dois grupos: os praticantes que estão isolados e os sedentários, que também podem fazer parte do grupo de risco. Sou atleta amador, faço provas de corrida de rua, porém integro o grupo de risco porque sou hipertenso. Neste caso, a Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva recomenda atividade moderada para não interferir na imunidade da pessoa — destaca.

Outra aluna de Elimar, Alessandra Machado Tavares Rosa, de 43 anos, faz parte do grupo de risco do coronavírus por ser diabética. Seu treino mescla atividades específicas com movimentos já feitos no dia a dia.

— As atividades com gastos calóricos mais elevados em um dia, e outros dois dias para recuperar esse estímulo, com atividades de estabilização da musculatura que envolvem o quadril, o abdome lombar, sem impacto nessa recuperação. Sendo assim, preparo o corpo dela para novo estímulo com atividades envolvendo subidas e descidas de escadas, agachamento e flexão de braços, utilizando peso do próprio corpo — afirma Elimar, referindo-se ao método de calistenia.

O assessor esportivo Marcos Almeida, mestre em ciência da motricidade humana, que assina o blog “Ser Motriz” no portal Folha1, cita o bem-estar mental como um dos motivos para o grande interesse das pessoas pelas atividades físicas no período de isolamento, além dos naturais objetivos ligados a estética e saúde corporal. Segundo ele, o ideal é que haja uma prática diária de 30 a 40 minutos, totalizando os 150 minutos semanais indicados pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte. Os benefícios variam de acordo com volume e intensidade.

— Existem vários exercícios, que dependem da faixa etária. O jovem ativo faz exercício com peso corporal, como agachamentos, saltos, corridas estacionadas, polichinelos, abdominais; e as pessoas da meia idade em diante buscam mais um trabalho de equilíbrio, como sentar e levantar de uma poltrona, andar pelo quintal, fazer movimentos de subir e descer com a ponta do pé, um exercício básico de panturrilha para melhorar o retorno venoso do sangue para o coração. De uma forma ou de outra, o importante é se manter em movimento — sugere.