Diferente da capital do estado, que viu diversos hotéis e pousadas fecharem suas portas devido à pandemia de coronavírus, a rede hoteleira de Campos resiste. De acordo com o Departamento de Turismo da Prefeitura, grande parte da rede conseguiu manter a ocupação em uma média de 60%. Os números são favorecidos pelo município atender, principalmente, ao turismo de negócios, com funcionários da Petrobras e suas contratadas, além dos colaboradores do Porto do Açu.
O setor de hotelaria emprega, aproximadamente, 1,2 mil pessoas na cidade entre serviços diretos e indiretos. Com a pandemia, as unidades buscam se adaptar rapidamente, seguem protocolos de higienização, recebem a ronda sanitária do Departamento, contam com benefícios fiscais da Prefeitura e se mantêm ativo. Ainda assim, há uma queda na taxa de hospedagem, já que não se registra clientes novos. Apenas, se mantêm os antigos contratos.
— Iniciamos conversas com a rede de hospedagem antes dos decretos estaduais e municipais, pensando estratégias para a pandemia. Nesse primeiro momento, algumas unidades pensaram na dificuldade que seria manter-se em atividade. Como somos uma cidade de grande atividade no turismo de negócios, as que atenderam, de imediato, às normativas da Organização Mundial de Saúde e aos decretos municipais, conseguiram manter as demandas empresarias — relatou o diretor do Departamento de Turismo, Hans Muylaert.
Campos registra, atualmente, dez meios de hospedagem inscritos no Cadastur, o cadastro obrigatório do Ministério do Turismo. Além desses, o Departamento de Turismo da cidade relata estarem em funcionamento, aproximadamente, outros 20 estabelecimentos com alvarás ativos, num total de 30 unidades de hospedagem, desde a área central até a praia do Farol de São Thomé. São aproximadamente 2,2 mil quartos. Destes, 1,5 mil estão localizados na área central e outros 500 no litoral. Ainda existem cerca de 200 quartos no interior, que atendem à demanda de turismo rural.
— O prefeito Rafael Diniz prorrogou toda tributação municipal, o que beneficia também o meio de hospedagem. Contamos com o Gabinete de Crise, gerenciado pelo prefeito, que estuda e avalia medidas para dar suporte aos cidadãos e aos diversos setores da economia. O setor hoteleiro é muito importante para a cidade e trabalhamos para tentar minimizar os impactos desse momento inédito para nosso país e para nossa cidade — disse Hans.
Prefeitura faz ronda sanitária em hóspedes
Os meios de hospedagem precisaram se adaptar rapidamente para atender às orientações da Organização Mundial de Saúde e aos decretos federais, estaduais e municipais. Houve necessidade delimitação do número de hospedagem, restrição da circulação nas áreas comuns e fechamento dos espaços de atividades físicas e de lazer. As refeições precisam ser servidas nos quartos, os funcionários devem usar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o procedimento de higienização foi intensificado nas áreas de circulação, elevadores, corredores e maçanetas.
O Departamento de Turismo de Campos iniciou a realização da ronda sanitária, uma recomendação do Gabinete de Crise para o combate a Covid-19. Junto a agentes epidemiológicos, é realizada abordagem a hóspedes, funcionários e as equipes de saúde de cada unidade.
— Estamos realizando a ronda sanitária, uma determinação do gabinete de crise, gerenciado pelo prefeito Rafael Diniz. Abordamos hóspede a hóspede, além dos funcionários e as equipes de saúde de cada unidade. Realizamos aferição de temperatura corporal e passamos informações sobre higienização para prevenção do Covid-19 e como agir em caso de suspeita de contaminação — relatou Hans Muylaert.
Ocupação despenca para a 5% na capital
Enquanto em Campos a rede hoteleira conseguiu manter pelo menos 60% da taxa de ocupação, a média na cidade do Rio de Janeiro é bem menor e chega a marca de 5%, segundo a Rio Hoteis, associação que representa o setor.
Ao todo, já são 60 estabelecimentos fechados na capital do estado por cauda da falta de movimento decorrente da pandemia de Covid-19. Com a falta de hóspedes, a oferta de quartos na cidade caiu de 54 mil para cerca de 20 mil quartos.
— Diante do cenário, aproximadamente 5 mil empregos estão ameaçados e a estimativa é de demissão de 20% dos funcionários. Inicialmente, nosso setor sentiu uma perda de R$ 25 milhões, mas, com o agravamento da crise, a situação tende a se acentuar — afirmou em nota Alfredo Lopes, presidente da associação.
Desde a última sexta-feira o hotel mais famoso do Brasil, o Copacabana Palace, passou a endossar essa estatística e fechou as portas pela primeira vez em 97 anos de história. A reabertura, no entanto, está prevista para o final de maio.
Na próxima segunda-feira (13), os últimos hóspedes terão que deixar o hotel. Somente dois moradores poderão permanecer no local: Andrea Natal, diretora geral do Grupo Belmond do Brasil, que administra o espaço; e o cantor Jorge Ben Jor que vive no local desde 2018.
— Nossa previsão de ocupação para março era de 70%, e fechamos o mês com 36%. Até começamos bem, mas a partir de meados do mês, quando o turismo global começou a ser mais afetado, com muitos cancelamentos de voos, a queda foi abrupta. Isso justamente num ano que começou promissor. Tivemos um carnaval inesquecível, nosso baile foi talvez o melhor dos últimos tempos. Parecia que vivíamos uma era de ouro — explicou Natal ao jornal O Globo.
Segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor de turismo no Brasil perdeu 2,2 bilhões de reais na primeira quinzena de março. O volume de receita encolheu 16,7% em relação ao mesmo período em 2019.