Matheus Berriel
15/04/2020 15:42 - Atualizado em 04/05/2020 21:53
Completam-se nesta quarta-feira (15) os 150 anos de nascimento do jornalista, professor, teatrólogo, historiador e político campista Manoel Múcio da Paixão Soares. Nascido em 15 de abril de 1870 e morto em 23 de dezembro de 1926, aos 56 anos, ele foi um dos fundadores da Academia Fluminense de Letras e deputado estadual constituinte em 1892, entre outros feitos. O sesquicentenário de Múcio da Paixão será lembrado em um evento virtual do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, a partir das 20h, na página da entidade no Facebook, com apresentação do presidente Genilson Paes Soares e participação do professor Deneval Siqueira de Azevedo Filho, comentando a obra do homenageado.
Neto materno mais velho de Múcio da Paixão, o jornalista, professor e diretor teatral Orávio de Campos Soares adjetivou o avô como, “no início do século XX, um homem além de seu tempo”.
— Professor do Liceu (de Humanidades de Campos), lecionava no espaço público da cidade, com ênfase para o barroco da Igreja São Francisco. Fundador do Sindicato Caixeiral, hoje Sindicato dos Comerciários; desportista, um dos fundadores da Liga Campista de Desportos; teatrólogo, autor do livro “História do Teatro no Brasil”; político, primeiro deputado constitucional pelo Partido Operário; escritor, escreveu “Movimento Literário de Campos dos Goytacazes”. Falecido, prematuramente, em 23 de dezembro de 1926, Múcio, nome de rua, merece todos os encômios pela passagem de seus 150 anos — disse Orávio.
Além do “Movimento Literário de Campos” e da obra póstuma “Teatro no Brasil”, Múcio deixou inéditas diversas produções relacionadas às artes cênicas, entre elas um trabalho sobre o ator João Caetano dos Santos e o “Dicionário Bibliográfico do Teatro Brasileiro”. Recebeu homenagem póstuma dando nome ao teatro do Sesc Campos.
— No teatro da sua vida, primeiro Manoel (Múcio da Paixão Soares) deu nome ao seu personagem. Depois, percorreu o balcão, camarim, a coxia, até chegar ao camarote. Escreveu seu roteiro, representou um drama e nos surpreendeu com uma tragédia. Um espetáculo inesquecível em cartaz há 150 anos — enfatizou o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, Genilson Paes Soares.
Presidente da Academia Fluminense de Letras, o médico, advogado, professor e escritor Waldenir de Bragança assinou artigo sobre o sesquicentenário de Múcio da Paixão.
— Patrono da cadeira nº 31 da Academia Campista de Letras e da cadeira nº 37 da Academia Niteroiense de Letras, foi membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e correspondente das Academias de Letras de Minas Gerais e da Bahia, entre outras. Reuniu na coletânea “Livros e Rosas” os seus primeiros versos. Escreveu dezenas de livros — citou Waldemir em seu texto. — Foi ao teatro que dedicou grande parte de sua vida, em livros e trabalhos para a imprensa. Produziu, adaptou e traduziu perto de uma centena de comédias, operetas, revistas e dramas, representados em vários teatros, muitos dos quais em Campos, especialmente no Teatro São Salvador — pontuou.
Na imprensa, Múcio da Paixão publicou artigos em veículos como A República, A Gazeta do Povo, Monitor Campista, O Tempo, Genesis e A Aurora, todos na planície goitacá, além de A Época do Teatro e a Renascença, no Rio de Janeiro, entre outros. Em 1925, fundou o Centro de Imprensa de Campos. Como professor do Liceu, regeu as cadeiras de história universal e história do Brasil. Também lecionou no Grupo Escolar Barão de Tautphoeus e na Escola Normal de Campos (atual Instituto Superior de Educação Professor Aldo Muylaert - Isepam).
— Apesar de nunca ter sido presidente da Associação de Imprensa Campista, foi uma figura muito importante na história da AIC quando, no final da década de 1920, junto a ilustres profissionais de imprensa e personagens das letras e artes, participou da reunião de fundação da entidade. Por 30 anos dedicou-se à imprensa campista — comentou o atual presidente da entidade, Wellington Cordeiro. — A AIC presta sua homenagem a este ilustre sesquicentenário — completou.