Divergências entre governantes
26/03/2020 01:26 - Atualizado em 08/05/2020 18:07
As reações com relação ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, que em cadeia de rádio e TV, na última terça-feira, criticou as medias de isolamento social adotadas por estados no combate ao coronavírus, seguindo recomendação do Organização Mundial da Saúde (OMS), deram o tom das discussões políticas de ontem. Pela manhã, Bolsonaro voltou a fazer críticas e as direcionou aos governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e de São Paulo, João Dória (PSDB). O clima ficou quente, inclusive em reunião, por vídeo conferencia, entre os governadores do Sudeste com o presidente. Já em videoconferência dos governadores, a decisão foi a de ignorar as recomendações de Bolsonaro e manter as medidas de isolamento social.
Ainda ontem, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, também teve um posicionamento diferente de Bolsonaro sobre o enfrentamento ao coronavírus. Ele afirmou que a posição do governo “é uma só”: o isolamento e o distanciamento social. Mourão deu a declaração ao conceder uma entrevista sobre ações do Conselho Nacional da Amazônia Legal.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que o isolamento da população está mantido no estado. A declaração foi feita em coletiva no Palácio Guanabara, após a reunião por meio digital com o presidente Bolsonaro e com governadores da região Sudeste. Ele pediu que no momento as pessoas fiquem em casa e continuem seguindo as medidas restritivas de circulação, porque somente assim, os mais velhos serão preservados.
Witzel ponderou que, como foi magistrado, sempre pautado em opiniões de especialistas, não caberia a ele abrir respeitosamente a divergência. “A política é feita do diálogo de convergências e divergências. Nem sempre vamos convergir e o espaço democrático é para se ter o debate. Não convergi com aquilo que o presidente falou ontem e fui de forma respeitosa [à reunião digital] assim como espero ser tratado sempre, levando em consideração que aqui não tomamos decisões desarrazoadas”, afirmou.
— Espero que o presidente continue mantendo o diálogo e dando abertura para que os governadores falem de forma respeitosa aquilo que entendemos ser pertinentes. No momento não há espaço para abertura do confinamento e muito menos de afrouxamento das medidas que tomamos.
Witzel descartou também na coletiva divergências entre o estado e o município do Rio de Janeiro. Como exemplo de cooperação, lembrou que a prefeitura da capital cedeu um terreno onde será instado pelo governo estadual, um hospital de campanha.
Witzel disse que saiu otimista da conversa com o presidente da República, porque houve sinalizações do governo federal para propostas apresentadas por ele, como questões ligadas ao programa de recuperação fiscal do estado. Witzel disse esperar um apoio financeiro do governo federal para o enfrentamento ao coronavírus no Rio.

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