Durante pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional nesta terça-feira (24) sobre a crise do coronavírus no país, campistas, mais uma vez, foram para as janelas e realizaram um grande panelaço com gritos de "fora bozo", "fora Bolsonaro", entre outras palavras de ordem. O presidente tem sido criticado pela forma que tem tratado a situação do Brasil durante a pandemia da Covid-19. Outras cidades brasileiras também realizaram o ato contra o presidente pelo oitavo dia seguido. As primeiras manifestações contrárias a Bolsonaro ocorreram na terça-feira (17) da semana passada. Políticos e autoridades reagiram ao pronunciamento do presidente que pediu a "volta à normalidade", o fim do "confinamento em massa" e disse que os meios de comunicação espalharam "pavor".
Em Campos, o movimento é reforçado em bairros centrais. Na noite desta terça, além dos gritos de protesto ao presidente, palavras a favor de Jair Bolsonaro também foram registradas.
No pronunciamento desta terça, o presidente contrariou tudo o que especialistas e autoridades sanitárias do país e do mundo inteiro vêm pregando como forma de evitar que o novo coronavírus se espalhe, Jair Bolsonaro criticou o pedido para que todas aqueles que possam fiquem em casa.
Bolsonaro culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, uma sensação de "pavor". E disse que, se contrair o vírus, não pegará mais do que uma "gripezinha".
"O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércios e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Por que fechar escolas?", declarou.
"Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. 90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nosso queridos pais e avós, respeitando as orientações do Ministério da Saúde."
"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão. Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença".
Reações no país
O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), divulgou uma nota na noite desta terça-feira (24) na qual afirmou que a fala do presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento na TV foi "grave" e que o país precisa de uma "liderança séria".
Para o presidente do Congresso, o momento não é de "ataque" à imprensa e aos gestores públicos. Alcolumbre ressaltou ainda que é preciso "união, serenidade e equilíbrio".
"A nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise", acrescentou.
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, disse que "desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública. Cabe aos brasileiros seguir as normas determinadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde em respeito aos idosos e a todos que estão em grupo de risco. O Congresso está atento e votará medidas importantes para conter a pandemia e ajudar os empresários e trabalhadores. Precisamos de paz para vencer este desafio."
O Governado do Rio Wilson Witzel (PSC) também se pronunciou sobre fala de Bolsonaro.
"Na manifestação em cadeia de rádio e TV, o presidente da República contraria as determinações da Organização Mundial de Saúde. Nós continuaremos firmes, seguindo as orientações médicas e preservando vidas. Eu peço a vocês: por favor, fique em casa".
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PT) foi bem duro em relação ao discurso do presidente.
"Eu não ia voltar ao tema, mas o presidente repetiu opiniões desastradas sobre a pandemia. O momento é grave, não cabe politizar, mas opor-se aos infectologistas passa dos limites. Se não calar estará preparando o fim. E é melhor o dele que de todo o povo. Melhor é que se emende e cale".