Negócios travados em Campos
Paulo Renato Porto Pinto - Atualizado em 14/03/2020 16:51
A economia de Campos não poderia ficar imune aos efeitos do coronavírus, que paralisou a economia mundial ao reduzir drasticamente a movimentação de pessoas, derrubando as bolsas e a cotação do petróleo, entre outras commodities, no mercado mundial. Empresas que prestam serviços na área do entretenimento, festas e eventos em geral registram busca queda de movimento com o cancelamento e adiamento de atividades. Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta na sessão de ontem, mas ainda anotaram a pior semana desde a crise de 2008, com os temores da queda de demanda em razão da pandemia do coronavírus, agravados pela guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia. O contrato do Brent para maio fechou em alta de 1,89% na sessão, a US$ 33,85 o barril mas acumulou perdas de 25,22% na semana.
No Porto do Açu, viagens e eventos estão suspensos para colaboradores, assim como reuni-ões que reúnam mais de 30 pessoas. Caso algum funcionário apresente sintomas, deve comunicar imediatamente à gerência, se afastar das atividades e seguir o protocolo recomendado pelas autoridades de saúde. A assessoria de Comunicação do porto, no afirma que “nenhum navio é autorizado pela Anvisa a atracar nos nossos terminais até que o relatório do comandante sobre as condições sanitárias da embarcação e tripulação seja aprovado”.
A nota acrescenta que “nenhuma suspeita de ocorrência de contaminação pelo novo vírus foi registrada no Açu e que as atividades das empresas instaladas no empreendimento não fo-ram afetadas até o momento”.
Medidas restritivas de locomoção também partiram da direção da multinacional Corbion Purac, localizada no bairro da Lapa, em Campos, líder global no mercado em ácido lático e derivados. A empresa também cancelou reuniões internas e viagens ao exterior de seus executivos enquanto durar a pandemia do coronavírus.
Outras atividades estão sendo atingidas em cheio pela falta de locomoção de pessoas. “Co-mo as pessoas são orientadas a evitar aglomeração, nós que trabalhamos com eventos, temos recebido vários pedidos de adiamento”, disse o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Leonardo Abreu.
Leonardo lembra ainda que outros negócios também estão no mesmo rol dos prejudicados e registram também queda brusca de movimento como hotéis, restaurantes, agências de viagens e casas que abrigam eventos como festas de aniversário, casamento e batizado. “No mundo inteiro há uma paralisia quase generalizada”, resume.
O presidente da Acic defende medidas governamentais para apoiar as empresas no período em que sofrerem redução no seu faturamento em razão do coronavírus. “O credor, seja ele do setor público ou privado, não quer saber se você, durante um período, teve uma drástica queda de receita devido a uma situação excepcional como essa”, disse Leonardo Abreu.
Ensino e entretenimento também afetados
Os efeitos do coronavírus causam transtornos às escolas particulares de Campos. O Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (Censa) e os Institutos Superiores de Ensino do Censa (Isecensa) informaram que vão antecipar o recesso escolar e acadêmico do mês de julho. Outras escolas que também anunciaram a suspensão temporária das aulas.
No campo do entretenimento e do show business, espetáculos em locais fechados marcados para este fim de semana foram cancelados ou adiados. Na última semana, a cantora Sandra de Sá teve o show cancelado em Macaé na quinta-feira. No entanto, a apresentação aconteceu normalmente na sexta no teatro Sesi Firjan em Campos.
Dificuldades em obter encomendas de SP
Outras empresas campistas já encontram dificuldades em adquirir insumos para a fabricação de seus produtos, como as indústrias do setor metal mecânico, segundo o presidente regional da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Fernando Aguiar. “Fornecedores de indústrias em São Paulo estão restringindo as vendas”, informou Aguiar. “To-dos somos atingidos de uma forma ou de outra, mesmo não tendo sido afetados pelo coro-navírus. Mas não vamos nos apavorar. E torcer para que tudo isso termine o mais breve”.
A alteração da rotina das pessoas afeta também o turismo, as empresas aéreas e de trans-porte coletivo. “As pessoas estão preferindo não se arriscar. Como viajar de avião ou ônibus não é recomendável, muitos preferem ir de carro”, disse um funcionário de uma agência de turismo.
No Distrito Industrial da Codin (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado), o presidente da Associação das Indústrias da Codin e Guarus, Lucas Vieira, disse que a entidade deve se reunir ainda esta semana para avaliar possíveis impactos da crise no funcionamento das 14 indústrias instaladas no local.
Setor de gás adia evento que seria no dia 2
Em Macaé, um evento do setor de gás da própria Firjan, que seria realizado no próximo dia 26, também foi adiado. O prefeito Aluisio Junior adotou medidas como cancelamento de eventos públicos ou em espaços públicos com mais de 100 pessoas.
Também em Macaé, empresas do setor de petróleo e gás tem enfrentado atraso nos pedi-dos a fornecedores que alegam dificuldades para entregar os produtos. Uma parte conseguiu encontrar outros fornecedores, ainda que onerando mais os custos da empresa.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos (CDL), Orlando Portugal, que atua no ramo de farmácias, admite que possa haver escassez de produtos se a situação de prolongar por mais tempo. “Até porque os laboratórios importam boa parte dos insumos para pro-duzirem os medicamentos”.

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