Economia local retoma o fôlego e apresenta indícios positivos
Paulo Renato Porto Pinto 07/03/2020 21:16 - Atualizado em 24/03/2020 19:14
O início do ano traz indicativos que autorizam perspectivas e sinais positivos para Campos. Neste começo de 2020, diferentes setores apostam no crescimento regional, como duas empresas de aviação, a Azul e Passaredo, que iniciaram operações na cidade com vôos diretos para São Paulo. Outro termômetro é a opção de duas grandes redes de atacadistas, Assaí e Big, que acabam de instalar suas bandeiras no município.
Presidente regional da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Fernando Aguiar, analisa este cenário com projeções de um otimismo realista.
— Trabalhamos com três avaliações, uma realista, outra mais otimista, outra menos otimista. Provavelmente será um ano melhor porque há indicadores com todas as projeções como o PIB com estimativa de mais de 2% em 2021. E se as reformas avançarem e conseguirmos superar a crise fiscal e diante da retomada da indústria do petróleo e setores correlatos que também serviu para puxar o PIB, vamos ter um ano melhor, sem dúvidas — projetou.
Na análise de Fernando Aguar despontam ainda projetos em curso no setor de petróleo e gás. “No plano regional, a GNA no Porto do Açu entra agora na segunda fase com as contratações; duas termoelétricas serão construídas em Macaé; e os leilões no setor de energia estão no radar destas empresas”, avaliou.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-Campos), Orlando Portugal, ponderou que o contexto onde Campos se encontra inserida contribui para atrair grandes redes de comércio, mas faz algumas ressalvas quanto a alguns gargalos.
— A chegada desses investimentos se explica porque toda cidade que se torna um polo regional e passa de 500 mil habitantes, como Campos, entra no radar destes grupos. Mas temos problemas como o fechamento de lojas no Centro, em parte porque o poder público municipal tem encontrado dificuldades em contribuir para fazer circular recursos no município. Seja através de pagamentos, de políticas públicas, obras estruturantes ou de melhores condições no transporte”, comentou.
Petróleo e gás, investimentos bilionários
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, destacou um conjunto de fatores que irão impulsionar o município e a região. “O aquecimento no mercado de óleo e gás, com as rodadas de concessão, a partilha do pré-sal e a exploração de novos campos já começa a puxar os setores ligados à sua cadeia. O surgimento de novas oportunidades como as atividades de descomissionamento e revitalização de campos maduros, além das quatro novas rodadas para o biênio 2020/2021, devem potencializar esse crescimento nos próximos anos. Além disso, estão previstos no plano de investimentos da Petrobras mais de US$ 20 bilhões na Bacia de Campos até 2024”, explica.
Tristão também lembra que, no início do ano passado, o governador Wilson Witzel anunciou a retomada do processo de implantação da Zona de Processamento de Exportação do Porto do Açu, em São João da Barra, e a construção da rodovia RJ-244, prevista no Lote 1 de concessões, que ligará o porto à BR-101 na altura de Campos, projetos estruturantes fundamentais para atrair empresas e promover o crescimento econômico da região.
Referência regional e infraestrutura a favor
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos, Leonardo Castro de Abreu, destacou a infraestrutura local que cria as necessárias condições para atrair investidores.
— A economia campista dá sinais de crescimento, até porque é uma referência na região, com uma boa infraestrutura, como aeroporto, rede hoteleira, gastronomia, educação e saúde. O resultado está aí, com a chegada de duas companhias aéreas que estão oferecendo voos para São Paulo e Rio. Esses novos vôos mostram a demanda na região, que precisa reduzir o tempo de deslocamento da capital e até mesmo do exterior para Campos e região — concluiu Leonardo Abreu.
Leonardo Abreu frisou que estes serviços também estão relacionados ao crescimento do Porto do Açu em São João da Barra. “Mas que os empresários e investidores passam por Campos para chegar ao local. Este crescimento acaba refletindo na chegada de grandes redes de supermercados, que antes de se instalar pesquisaram e acreditaram no potencial da região. Quanto à questão das lojas fechadas, acredito que vai diminuir. Tanto que dados da Junta Comercial do Rio de Janeiro aponta um crescimento de quase 1 mil empresas e centenas de empregos em 2019”, destacou Leonardo.
Bom desempenho na geração de empregos
O secretário de Estado acrescentou ainda que Campos foi o terceiro município do Estado do Rio que mais gerou emprego formal em 2019, fechando o ano com 2.225 novos postos de trabalho. Os setores que mais contrataram foram o de serviços, com 1.545 vagas, 745 das quais na área de alimentação, e o de comércio, que registrou 756 novos empregos, sendo 583 em comércio varejista. Também se destacaram os serviços para edifícios, responsáveis pela criação de 242 empregos.
— O crescimento da atividade econômica observada em Campos acompanhou a retomada do setor de óleo e gás no estado, seguindo o desempenho dos dois municípios que mais geraram emprego no ano passado: Macaé, que registrou 3.046 novos postos de trabalho, e São João da Barra, com mais 3.015. Nesse cenário, a região Norte fluminense foi responsável por mais da metade dos empregos gerados no estado em 2019: 8.697 vagas, do total de 16.829 registradas em todo o Rio de Janeiro — acrescentou o Secretário.
Vinícius destaca demanda do setor privado
 O presidente da Companhia de Desenvolvimento de Campos, Vinicius Viana, ressaltou a importância da inauguração de dois voos diários que conecta Campos com a cidade mais importante do país. “Após várias tentativas com reuniões com a Azul e Passaredo (Voepass) , finalmente teremos duas companhias aéreas ofertando vôos direto para São Paulo. Com esta concorrência, esperamos preços competitivos. Tudo isso se deu principalmente após a concessão e já é um reflexo dos investimentos de R$ 28 milhões em cinco anos que estão sendo feitos na ampliação de todas as estruturas do aeroporto. Já vamos inaugurar o novo terminal de passageiros, e a VoePass se manifestou primeiro para operar a linha Campos/São Paulo. Em seguida veio a proposta da Azul. Estamos otimistas e esperamos que o público, principalmente a classe empresarial, cujas demandas exigem agilidade, dê a resposta esperada”, frisou.

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