Crescimento de 1,1% no PIB do Brasil no último ano
04/03/2020 21:46 - Atualizado em 10/03/2020 15:11
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no último ano, totalizado em R$ 7,3 trilhões, teve crescimento de 1,1% em relação a 2018. A evolução resultou da expansão de 1,1% do Valor Adicionado a preços básicos e da alta de 1,5% no volume dos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. O resultado do Valor Adicionado neste tipo de comparação refletiu o desempenho das três atividades que o compõem. Houve altas na Agropecuária (1,3%), na Indústria (0,5%) e Serviços (1,3%). Em decorrência deste crescimento, o PIB per capita alcançou R$ 34.533 (em valores correntes) em 2019, um avanço (em termos reais) de 0,3% no comparativo a 2018.
Este foi o terceiro crescimento consecutivo do PIB. Em 2018 e 2017, as altas haviam sido de 1,3%, após retrações de 3,5% em 2015 e 3,3% em 2016.
— O PIB do país está num processo de crescimento que poderíamos chamar de cíclico. Esse resultado de 1,1%, evidentemente, é baixo. Mas, precisamos considerar algumas questões. Houve uma redução muito forte dos negócios do Brasil com a Argentina, que ficou em crise. Também em relação à Ásia. Com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, e a própria desaceleração do crescimento da China, o nosso relacionamento com a Ásia não foi tão bom. E ainda tivemos um problema seríssimo na região de Minas Gerais, na área do minério, que deu uma segurada na nossa movimentação — comentou o economista Alcimar Chagas.
Alcimar considerou baixos os crescimentos da indústria e dos serviços. Todavia, destacou avanço considerável na taxa de Investimento, 15,4%.
— O investimento está avançando lentamente, o que é bom. E bom também que as despesas do governo diminuem 0,4%. Há pontos positivos e negativos. De qualquer maneira, a gente precisa considerar que o ambiente econômico no mundo em 2019 não foi tão bom como se esperava. E em 2020, infelizmente, o quadro deve piorar ainda mais. Mas, na atividade econômica interna, a gente também precisa considerar esses fenômenos internacionais — pontuou o economista.
A análise foi similar à do professor de economia Igor Franco, que listou os mesmos motivos para uma desaceleração no crescimento do PIB, incluindo uma supervalorização das reformas a curto prazo e a espera por uma chuva de investimentos de capital estrangeiro que acabou não sendo concretizada.
— Olhando com os olhos de agora, não foi surpresa. Mas, para quem tivesse saído do país em janeiro e voltado agora, com certeza teria sido uma grande decepção esse crescimento. Isso parece mostrar um problema maior. O Brasil parece estar enclausurado, com uma incapacidade de crescer acima de 1%, 2% ao ano. Isso faz o problema ser mais grave ainda — afirmou Igor.
Na Indústria (0,5%), o destaque positivo foi o desempenho da atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos, que cresceu 1,9%. Já o negativo, o das Indústrias Extrativas, que sofreram queda de 1,1%. A Construção cresceu 1,6%, primeiro resultado positivo após cinco anos de queda. As Indústrias de Transformação, por sua vez, apresentaram estabilidade (0,1%).
— Segundo os estudos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o PIB fluminense para 2020 pode crescer 2,1% num cenário conservador. O melhor desempenho vem puxado pelo setor de óleo e gás, que tem pela frente um novo ciclo. Contudo, a indústria de transformação ainda não acompanha o mesmo patamar de crescimento. Os setores mais ligados à cadeia de exploração e produção vão retomando primeiro, e, a reboque destes, outros ramos de atividade vêm apresentando algum avanço — disse o presidente da Firjan no Norte Fluminense, Fernando Aguiar.
O presidente da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), Frederico Paes, não se surpreendeu com o crescimento de 1,3% na Agropecuária.
— A agricultura tem praticamente arrastado para cima a economia brasileira. Foram vários anos com crescimento acima da média do PIB, trazendo bastante geração de renda, impostos e emprego para o país — disse Frederico. — Na nossa região, apesar de toda a crise hídrica dos últimos cinco anos, a geração de emprego ainda é muito forte na agropecuária geral, especialmente no setor sucroalcooleiro. Apesar da sazonalidade, a gente gera em torno de 10 mil empregos na região no período de safra, empregos diretos nas usinas e na agricultura. Outro dado importante é a injeção de recursos na economia da nossa região, especialmente de Campos, que está com problema financeiro de toda ordem. As usinas que hoje estão operando, a Coagro e a Canabrava, injetam, por ano, algo em torno de R$ 250 milhões na economia regional — pontuou.
Entre os componentes da demanda interna, houve avanço do Consumo das famílias (1,8%) e da Formação bruta de capital fixo (FBCF) (2,2%). O Consumo do Governo teve variação negativa (-0,4%). No setor externo, as Exportações de bens e serviços caíram 2,5%, enquanto as Importações de bens e serviços avançaram 1,1%. (M.B.) (A.N.)

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