Morreu nesta segunda-feira (30), aos 98 anos, o cantor e compositor Clementino Rodrigues, popularmente conhecido como Riachão. A informação foi divulgada pela secretaria estadual de cultura da Bahia, que não revelou a causa da morte. Riachão é autor de sambas como “Cada Macaco no seu Galho”, “Vá Morar com o Diabo” e “Retrato da Bahia”.
Nascido em 14 de novembro de 1921, em Salvador, antes de ser o grande sambista que se tornou uma referência nacional, Riachão (apelido que ganhou ainda criança) foi um menino que cresceu no bairro do Garcia, onde vivia até os dias atuais. Começou a cantar aos nove anos em festas e eventos da comunidade, batucando em latas d’água. Nascia ali um vínculo com a música que duraria por toda a sua vida. Sua primeira composição foi aos 12 anos, um samba sem título, com letra que dizia: “Eu sei que sou moleque, eu sei, conheço o meu proceder/ Deixe o dia raiar que a minha turma, ela é boa para batucar”.
Tornando-se cantor de rádio, foi considerado o cronista musical de Salvador, por apresentar o cotidiano da cidade e dos baianos em seus sambas. Teve obras gravadas artistas como Caetano Veloso, Jackson do Pandeiro, Cássia Eller e Gilberto Gil, entre tantos outros nomes da música nacional, que sempre lhe manifestaram admiração e respeito.
O Carnaval foi também uma grande paixão do sambista, com passagens marcantes pelo Carnaval do Pelô. Dentre estas, em 2016, na celebração dos 100 anos do samba, Riachão esteve entre os 12 bambas homenageados pela secretaria estadual de Cultura da Bahia na noite de abertura da festa, ao lado de nomes como Paulinho da Viola, Gal do Beco, Edil Pacheco e João do Boi, recebendo um troféu por sua imensa contribuição ao gênero.
Em 2018, show “Riachão Patrimônio do Samba” foi destaque da noite de encerramento do Carnaval do Pelô, com o artista no palco ao lado de Ana Paula Albuquerque e do grupo Paulinho Timor e os Bambas de Sampa. Na ocasião, Riachão exprimiu a emoção e a alegria que lhe eram características, tal qual o seu amor pelo samba. “Estou felicíssimo. Eu nasci no samba e fico extremamente feliz de ver o povo sambando, afinal, o samba é a beleza deste Brasil, e o país precisa se lembrar deste momento”.