Apoiar a realização de eventos organizados pelos cordelistas, bem como as iniciativas de inserção do tema nas escolas públicas e a circulação da literatura de cordel em diversos meios. Estas são as três principais Diretrizes Nacionais para a Salvaguarda da Literatura de Cordel, publicadas na semana passada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) com o objetivo de orientar os trabalhos desenvolvidos por superintendências estaduais e detentores.
Expressando a diversidade cultural do país por meio de palavras escritas, declamadas e das famosas ilustrações de xilogravuras, a literatura de cordel se tornou, em 2018, patrimônio cultural do Brasil. Este reconhecimento federal concedido pelo Iphan garante aos poetas e produtores desta forma de expressão popular o apoio da Política de Salvaguarda, que possui, dentre seus objetivos, a promoção e ampla divulgação dos bens registrados.
Para além de um gênero literário, a manifestação cultural, fortemente ativa em pelo menos 12 estados brasileiros, é também um veículo de comunicação, ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cordelistas. Por este motivo, o Iphan elaborou diretrizes para alcançar de forma generalizada o bem registrado. É o que explica a coordenadora-geral de Promoção e Sustentabilidade do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI-Iphan), Rivia Bandeira.
— A ideia de focar as diretrizes em três ações principais é a de potencializar o esforço que os próprios cordelistas já realizam para a preservação da prática cultural e buscar atender a maior parcela possível de detentores. Assim, o Iphan atua como mediador e articulador com outros entes, viabilizando o fortalecimento e divulgação da ação dos detentores — afirma Rivia.
As ações de salvaguarda são de curto, médio e longo prazo e visam à autonomia dos detentores na gestão de seu patrimônio, a articulação interinstitucional em prol do bem registrado e a ampliação da sustentabilidade dos patrimônios culturais do Brasil.
A literatura de cordel — Entre versos, rimas e cantoria, a literatura de cordel é uma expressão cultural popular que abrange não apenas as letras, mas também a música e a ilustração. Apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente por causa do processo de migração de populações. Nos dias atuais, circula com maior intensidade nos seguintes estados: Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. A expressão cultural revela o imaginário coletivo, a memória social e o ponto de vista dos poetas acerca dos acontecimentos vividos ou imaginados.