Museu Histórico de Campos usa redes sociais para exibir seu acervo
Matheus Berriel 23/03/2020 15:44 - Atualizado em 04/05/2020 22:35
Graziela Escocard, Guilherme Freytas, Rossini Reis e Fernanda Pinfildi gravaram material explicativo sobre acervo
Graziela Escocard, Guilherme Freytas, Rossini Reis e Fernanda Pinfildi gravaram material explicativo sobre acervo / Maria Paula Passos/Divulgação
 
Se a população não pode ir ao Museu Histórico de Campos, com visitas suspensas em virtude da pandemia do novo coronavírus, o museu é quem vai ao encontro do seu público. Foi iniciado no sábado (21) o projeto audiovisual “Por dentro do Museu”, com três postagens semanais nas redes sociais, sempre às 19h30, apresentando obras que compõem o acervo do espaço de preservação da memória campista.
De acordo com a gerente do Museu Histórico, Graziela Escocard, o projeto, inspirado em iniciativas de outros museus, entre eles o Museu Histórico Nacional, inclui fotos e vídeos curtos descrevendo o acervo, com os apresentadores de cada edição contextualizando a obra com a história regional.
— Desde quando foi anunciado oficialmente estado de quarentena no país, decorrente do coronavírus, evitando a contaminação e o consequente prejuízo à saúde individual e coletiva, a equipe do Museu Histórico de Campos pensou neste projeto de museu virtual, cujo objetivo é disponibilizar virtualmente a descrição de cada acervo exposto desta instituição, que preserva a nossa história, memória e identidade regionais. É no ambiente virtual que propomos essa mediação com o público, privilegiando a comunicação como forma de envolver e dar a conhecer determinados objetos que compõem nossa história regional — disse Graziela.
No sábado, o coordenador do setor educativo do Museu Histórico, Rossini Reis, comentou em vídeo um retrato pictório do ex-presidente da República nascido em Campos, óleo sobre tela do pintor retratista espanhol Francisco Pons Arnau, datado de 1912. A obra integra Coleção Nilo Peçanha.
— O Francisco Pons era reconhecido por retratar muito a sua própria esposa e diversos estadistas. Entre eles, encontramos o Nilo Peçanha. O quadro tem algumas curiosidades. Uma delas é que o olhar de Nilo Peçanha te persegue por onde você estiver na sala. De qualquer lugar que você olhar, terá a impressão de que Nilo Peçanha está te observando — disse Rossini Reis. — Além deste detalhe, temos o contraste de cores, um abuso do próprio Francisco, com cores mais escuras para que a pele de Nilo Peçanha ficasse bem mais clara do que era natural dele. O Nilo Peçanha não era branco, como parece na imagem. Pelas fotografias, você vai encontrar diversos traços da sua origem negra — pontuou.
Nessa segunda-feira (23), foi a vez de a historiadora Graziela Escocard apresentar o acervo arqueológico do museu, com ossos e cacos de cerâmicas encontrados em escavações no cemitério do Caju. O material é pequeno perto das cinco toneladas de material arqueológico enviados de Campos para o Instituto de Arqueologia Brasileiro (IAB).
— O cemitério do Caju, antigamente, era uma lagoa, um alagadiço, como disse (o geógrafo, pesquisador, geólogo e escritor) Alberto Lamego. E os índios, os goitacá e outros que passaram pela nossa região, adoravam esse local. Retiravam dali o barro para a confecção da cerâmica — relatou Graziela. — Até então, a gente achava que o índio era sepultado totalmente dentro da urna. Mas, a gente presenciou, com as pesquisas e com um livro publicado (pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima) em 2014, que, na verdade, alguns índios eram colocados de forma vertical, e colocavam cacos de cerâmica e alguns objetos como conchas, machados de pedra um pouco mais afiados... A gente encontra também outros indícios, como o cachimbo, que identificava ser o chefe da tribo — explicou a gerente do museu.
Nesta quarta (25), será publicada nas redes explicação de Fernanda Pinfildi, graduanda em História e estagiária do museu, sobre uma base de lustre (florão) da Antiga Santa Casa de Misericórdia de Campos. Na sexta-feira (27), Dia Mundial do Teatro, o público poderá ver pela internet as cadeiras do antigo Cine Teatro Trianon, apresentadas pelo coordenador do curso Letras em Movimento, da FCJOL, Guilherme Freytas. Há compartilhamento de material informativos, históricos e culturais pelo Whatsapp (22) 98175-0616, pela página no Facebook e o perfil no Instagram do Museu Histórico.

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