Proprietário do Grupo Petrópolis, Walter Faria se tornou réu depois que a 13ª Vara Federal de Curitiba acolheu denúncia oferecida pela força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF). Ele é acusado de 642 atos de lavagem de dinheiro, em conjunto com outras 22 pessoas vinculadas ao Grupo Petrópolis, ao Antígua Overseas Bank e ao departamento de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht. Em valores correntes, o esquema teria movimentado o equivalente a R$ 1,1 bilhão, que seriam lavados em favor da Odebrecht, entre 2006 e 2014.
A denúncia, oferecida em 13 de dezembro do ano passado, e aceita em 26 de fevereiro, foi fruto da 62ª fase da operação Lava Jato, deflagrada em 31 de julho de 2019, que apurou o envolvimento de executivos do Grupo Petrópolis na lavagem de dinheiro desviado de contratos públicos, especialmente da Petrobras, pela Odebrecht.
Conforme apontam as provas colhidas na investigação, Faria, proprietário do Grupo Petrópolis, teria atuado em larga escala na lavagem de ativos e desempenhado substancial papel como grande operador do pagamento de propinas, principalmente relacionadas a desvios de recursos públicos da Petrobras. Segundo o MPF, as evidências apontam que, além de ter atuado no pagamento de subornos decorrentes do contrato da sonda Petrobras 10.000, Faria teria capitaneado a lavagem de centenas de milhões de reais em conjunto com o Grupo Odebrecht.
Em março de 2016, a Folha da Manhã mostrou a relação entre o ex-governador Anthony Garotinho (Patri) e “doações” contabilizadas em planilhas apreendidas pela Polícia Federal com a construtora, responsável pelo maior contrato da história de Campos (de aproximadamente R$ 1 bilhão para a construção das casas populares do Morar Feliz).
Na época, vereadores então da oposição queriam saber a relação da doação somada de RS 1 milhão para o diretório estadual do PR, então presidido por Garotinho, e a planilha da Odebrecht, que apontava o repasse do mesmo valor para a conta do partido no Rio de Janeiro.
As distribuidoras Leyroz e Praiamar, que trabalham com produtos do Grupo Petrópolis, repassaram no mesmo dia R$ 800 mil e R$ 200 mil, respectivamente, para o diretório do PR em 2010, quando Garotinho se elegeu deputado federal.
Já nas planilhas da Odebrecht apreendidas pela Lava-Jato, Garotinho aparece como “beneficiário” de uma doação no valor de R$ 1 milhão em 1º de setembro de 2010 — mesmo dia e valor das duas doações somadas da Leyroz e Praiamar. Ambas foram declaradas pelo PR à Justiça Eleitoral. (A.N.) (A.S.)