Os trabalhos na Câmara Federal serão retomados nesta segunda-feira (3) e os dois deputados campistas concordaram que as principais pautas no Congresso para este início de 2020 serão as reformas tributária e administrativa. Outra bandeira levantada pelos dois é da união da bancada fluminense para defender a manutenção dos royalties do petróleo para municípios e estados produtores. O julgamento no Supremo Tribunal Federal acontece em 29 de abril. Porém, quando o assunto é Campos, os deputados esquentam o discurso e trocam farpas, principalmente em relação à reabertura do Restaurante Popular pelo Governo do Estado sem parceria com o município.
Folha da Manhã - Com o retorno dos trabalhos na Câmara dos Deputados na próxima segunda-feira (3), para você quais vão ser as principais pautas no âmbito nacional e regional? Qual seu posicionamento sobre elas?
Wladimir Garotinho - As principais pautas do Congresso nacional esse ano serão as reformas administrativa e tributária, ambas muito necessárias, mas que precisam de cautela para não se perder receitas e direitos adquiridos. Vamos estar atentos, avaliando e se necessário propondo emendas aos textos.
Folha - Não tem como falar de Brasília e da região sem citar a votação no Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para dia 29 de abril, que vai decidir sobre a redistribuição ou não dos royalties do petróleo. Quais são os próximos passos que você pretende dar nesta mobilização para defender os municípios e estados produtores?
Wladimir - Foi criada uma câmara de conciliação entre os governadores, em que cada bancada por estado também terá seus representantes. O tempo está escasso e precisamos buscar uma solução pela casa legislativa antes do dia 29 de abril, pois se for para o voto no STF as chances de perdermos são enormes. Eu fui um ativista nessa batalha e vou continuar lutando até o último segundo pelo nosso direito.
Folha - O trabalho em conjunto da bancada fluminense em Brasília foi importante para conseguir a emenda de R$ 25 milhões para a conclusão do campus da UFF em Campos. O que esperar para a região a partir do trabalho dos deputados do Rio de Janeiro? Há alguma conversa para tentar chegar a uma convergência mesmo com diferentes linhas ideológicas?
Wladimir - Eu liderei e coordenei esse trabalho que gerou essa gigantesca conquista, mas você está equivocado quanto ao valor, serão 45 milhões ao total, 25 no primeiro ano e 20 no segundo, pois existe uma nova diretriz na LDO que obriga a terminar obras em que tenham sidos empenhados dinheiro público. Minha nova meta é perseguir uma emenda grande para uma ampla reforma no Hospital Ferreira Machado, que é o pronto socorro de toda a região Norte e até Noroeste. Existem estudos que mostram que o HFM está sem condições pela sua própria estrutura ser muito antiga, que o ideal seria até a construção de um novo pronto socorro, mas isso ainda vou avaliar. Eu sou uma pessoa que gosta do diálogo, através dele é que conseguimos resultados práticos.
Folha - Wladimir Garotinho e Marcão Gomes são considerados adversários políticos em Campos e estarão juntos na Câmara dos Deputados. Os dois já comentaram que se encontraram brevemente no aeroporto e falaram em união de esforços pela região. Como vai ser esta relação de vocês em Brasília? Pretende se reunir mais vezes e traçar trabalhos em conjunto por Campos?
Wladimir - Eu já me coloquei à disposição para o que ele precisar em Brasília, como forma de mostrar que as diferenças políticas devem ser menores e que podemos traçar metas em conjunto por Campos e região, não tenho problema enquanto a isso. Espero que ele não tenha a mesma postura que o líder dele, o prefeito Rafael Diniz, que deu “chilique” quando encaminhei um ofício me colocando à disposição e que negou ajuda por diversas vezes. O povo quem perdeu com essa falta de maturidade.
Folha - O fato dos dois representarem grupos políticos antagônicos pode trazer algum benefício na obtenção de emendas para diferentes áreas em Campos?
Wladimir - Em diferentes ou também nas mesmas áreas, pois algumas vezes tem investimentos de maior porte que são necessários. Como já disse, não tenho problemas em me relacionar com adversários, desde que seja pelo bem coletivo.
Folha - Deputado federal não precisa renunciar ao cargo para concorrer nas eleições municipais deste ano. Diversos parlamentares devem ser candidatos. Os nomes de vocês estarão nas urnas em outubro? Se sim, para qual cargo?
Wladimir - Ainda não tomei essa decisão. Agradeço aos que torcem por isso e me colocam em primeiro lugar em todas as pesquisas que se tem notícia, confesso que a pressão popular está grande nesse sentido, vou decidir com minha família e o grupo que faço parte.
Folha - Como enxerga a polêmica sobre o Restaurante Popular revelada pelo Rodrigo Bacellar e que reascende os atritos entre o governo Rafael e Wladimir?
Wladimir - Não existe polêmica, o restaurante será reaberto pelo governador Wilson Witzel, tanto em Campos quanto em outras cidades e isso é extraordinário. O governo Rafael, com a ajuda de Marcão que era presidente da Câmara, exterminou os programas sociais, inclusive o restaurante popular, e agora querem fazer de conta que são o pai da reabertura? Deixo uma indagação no ar: como um governo que não paga servidor, que não paga RPA, que não paga aos hospitais contratualizados e etc, vai querer investir recurso em uma “parceria” com o governo do estado? Se for pra contar história, inventem uma melhor.