União é a tônica sobre Brasília
01/02/2020 18:24 - Atualizado em 03/02/2020 16:03
Marcão Gomes
Marcão Gomes / Arquivo
Vereador mais votado em 2016 e ex-presidente da Câmara Municipal de Campos, Marcão Gomes (PL) estava na secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social de Campos quando o deputado Altineu Côrtes (PL) assumiu a secretaria de Ambiente e Sustentabilidade no Governo do Estado, abrindo vaga para o próprio Marcão na Câmara Federal. O campista duelou nas urnas com Wladimir Garotinho (PSD) em 2018 e ficou na primeira suplência de seu partido, enquanto Wladimir foi eleito. Agora em Brasília, os dois representam Campos e a região e levam para o Planalto também o embate entre os grupos do prefeito Rafael Diniz e do ex-governador Anthony Garotinho.
Folha da Manhã - Com o retorno dos trabalhos na Câmara dos Deputados na próxima segunda-feira (3), para você quais vão ser as principais pautas no âmbito nacional e regional? Qual seu posicionamento sobre elas?
Marcão Gomes - Antes mesmo do retorno do recesso já estamos trabalhando em algumas pautas. Entre elas, questões ligadas à Saúde e busca por parcerias com o governo federal para ações como a que estamos enfrentando em Três Vendas. O objetivo é, nesse momento de dificuldade financeira dos municípios da região, ser um braço para ajudar os prefeitos em Brasília. Quanto às principais pautas desse primeiro semestre, sem dúvidas as mais importantes serão as reformas: administrativa e tributária. Quanto à matéria tributária, o objetivo principal é criar um melhor ambiente de negócios no país para atrair grandes fundos de pensão estrangeiros, como hoje cada estado tem uma legislação diferente, isso torna o ambiente desfavorável para o investidor, a ideia é criar uma legislação tributária consolidada. Na matéria administrativa, dentre as mudanças em pauta, estão a redução do número de carreiras do Executivo de 117 para aproximadamente 30, alterações nas tabelas de remuneração, reestruturação das progressões e maior rigor na fase de estágio probatório. A matéria deve ser encaminhada para o Congresso ainda em fevereiro para análise.
Folha - Não tem como falar de Brasília e da região sem citar a votação no Supremo Tribunal Federal (STF), marcada para dia 29 de abril, que vai decidir sobre a redistribuição ou não dos royalties do petróleo. Quais são os próximos passos que você pretende dar nesta mobilização para defender os municípios e estados produtores?
Marcão - Essa é a nossa principal bandeira neste momento. Devemos nos preparar para embates e debates políticos e jurídicos sobre o tema, antes e depois da decisão do STF. Nosso objetivo é integrar os blocos que se posicionam contra a redistribuição e somar forças. Mostrar que, além dos argumentos técnicos, a partilha representa a falência de muitas cidades, como é o caso de Campos. Temos que imediatamente unir toda bancada do RJ as dos demais estados produtores para encontrarmos uma solução juntos e tentar na esfera política costurar acordos para além da decisão judicial. Acredito que o caminho será um entendimento político entre os estados produtores e a União para modificar a legislação caso o pior ocorra.
Folha - O trabalho em conjunto da bancada fluminense em Brasília foi importante para conseguir a emenda de R$ 25 milhões para a conclusão do campus da UFF em Campos. O que esperar para a região a partir do trabalho dos deputados do Rio de Janeiro? Há alguma conversa para tentar chegar a uma convergência mesmo com diferentes linhas ideológicas?
Marcão - Eu sempre tive uma postura firme em relação a alguns grupos políticos, mas nunca deixei de ser aberto ao diálogo. Já tive a oportunidade de conversar com alguns deputados da bancada do Rio e o nosso objetivo é atuar em sintonia, mesmo com diferenças ideológicas.
Folha - Wladimir Garotinho e Marcão Gomes são considerados adversários políticos em Campos e estarão juntos na Câmara dos Deputados. Os dois já comentaram que se encontraram brevemente no aeroporto e falaram em união de esforços pela região. Como vai ser esta relação de vocês em Brasília? Pretende se reunir mais vezes e traçar trabalhos em conjunto por Campos?
Marcão - Ao contrário do que sempre foi a prática do garotismo, que sempre atuou de forma individualista e na lógica de perpetuação de poder, não sincronizando ações em benefício do estado à época em que foram governadores, tenho maturidade para dialogar sobre assuntos de interesse da nossa população com toda bancada do RJ na Câmara Federal.
Folha - O fato dos dois representarem grupos políticos antagônicos pode trazer algum benefício na obtenção de emendas para diferentes áreas em Campos?
Marcão - Teremos, por certo, atuações em frentes independentes, tenho uma série de pautas que irei levar para debater em Brasília com objetivo do fortalecimento de Campos. Com a maior representatividade espero que se traduza em mais benefícios e investimentos para nosso estado e, sobretudo, nossa região.
Folha - Deputado federal não precisa renunciar ao cargo para concorrer nas eleições municipais deste ano. Diversos parlamentares devem ser candidatos. O seu nome estará nas urnas em outubro? Se sim, para qual cargo?
Marcão - Como disse em entrevistas anteriores, meu foco total é nessa missão como deputado federal. E seguiremos também ajudando na articulação política do prefeito Rafael Diniz.
Folha - Como enxerga a polêmica sobre o Restaurante Popular revelada pelo Rodrigo Bacellar e que reascende os atritos entre o governo Rafael e Wladimir?
Marcão - Em alguns trechos desta entrevista já mencionei como a busca apenas focada na manutenção de poder prejudica a população. O caso do Restaurante Popular é uma prova inequívoca disto. Eu estive com o vice-governador no início do ano passado para renovação do termo de cooperação entre o Estado e o município e seria muito dispendioso a construção de uma nova estrutura. A parceria é a forma mais rápida e eficaz para retornar o serviço. Porém, Wladimir, ao invés de agilizar a parceria, à época, solicitou o contrário, oficiou Estado para que este reassumisse a gestão de forma autônoma. Devido a estes desentendimentos infelizes a população é que está sendo prejudicada sem os serviços.

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